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Escola Anna Nery Revista de Enfermagem completa 20 anos
Volume 13 , Número 4 , Out/Dez - 2009
EDITORIAL
1 - Desafios e perspectivas do cuidar de enfermagem na saúde da criança
Ivone Evangelista Cabral
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 691-693
FAC-SÍMILE
2 - Educação em ambulatório de pediatria
Fernando Ramos Porto
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 694-698
PESQUISA
3 - Crianças em situação de violência de um ambulatório do Rio de Janeiro: conhecendo seu perfil
Lucia Martins de Magalhães Pierantoni; Ivone Evangelista Cabral
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 699-707
Buscou-se caracterizar as crianças envolvidas em situação de violência e seus familiares, e analisar o papel social do agressor/protetor no círculo da violência. Estudo quantitativo descritivo foi desenvolvido no Ambulatório da Família de um Hospital do Rio de Janeiro, entre 2006 e 2007. Dados do prontuário de 44 crianças demonstraram intensa relação entre pobreza, baixa escolaridade e gênero na matriz social da violência. Houve maior registro de meninos (64%) expostos a violência do que meninas. A violência física foi a queixa mais recorrente (33,3%). Paradoxalmente, a mãe foi a principal agressora (39,1%) e protetora (57,1%). Conclui-se que tanto a criança como o agressor/protetor precisam de intervenção, apoio e monitoração do serviço de saúde, e que o duplo papel social (agressor/protetor) implica uma abordagem de cuidado centrado na família.
Palavras-chave: Criança. Enfermagem. Violência
Barbara Soares Avanci; Fabiano Mizael Carolindo; Fernanda Garcia Bezerra Góes; Nina Paula Cruz Netto
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 708-716
Pesquisa de campo, descritiva-exploratória, com abordagem qualitativa, realizada em 2009, que objetivou conhecer a percepção do enfermeiro diante da criança com câncer sob cuidados paliativos; e discutir como essa percepção do enfermeiro interfere nos cuidados prestados à criança com câncer sob cuidados paliativos. Os sujeitos foram cinco enfermeiros do setor de pediatria do HEMORIO, e a interpretação das falas ocorreu por meio da análise temática. Percebemos que o cuidar da criança com câncer sob cuidados paliativos é um processo de sofrimento e um misto de emoções para o profissional, e que os cuidados voltam-se para a promoção do conforto, pelo alívio da dor e dos sintomas, além do atendimento às necessidades biopsicossociais e espirituais, e do apoio à família. Conclui-se que é necessário enfatizar a importância da assistência de enfermagem no cuidado paliativo à criança com câncer, principalmente sob a ótica do cuidar, mas também na perspectiva do desenvolvimento da profissão.
Palavras-chave: Enfermagem Pediátrica. Cuidados Paliativos. Enfermagem Oncológica. Criança
5 - O cuidado da criança com espinha bífida pela família no domicílio
Maria Aparecida Munhoz Gaiva; Ádila de Queiroz Neves; Fabíola Mara Gonçalves de Siqueira
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 717-725
O objetivo deste estudo foi descrever a experiência das famílias que têm crianças portadoras de Espinha Bífida no cuidado cotidiano. Realizamos um estudo de abordagem qualitativa, empregando para a coleta de dados a entrevista semiestruturada com nove famílias. A análise dos dados foi desenvolvida com suporte no método da Análise Temática. Os resultados permitiram compreender o impacto da malformação da criança sobre a família e as dificuldades para prestar o cuidado cotidiano para a criança. O estudo também aponta a necessidade de os profissionais de saúde e enfermagem pensarem novos modelos de cuidar que sejam centrados nas necessidades da família e não apenas no processo patológico da criança.
Palavras-chave: Mielomeningocele. Cuidado da criança. Crianças Portadoras de Deficiência. Família
6 - Dor sofrida pelo recém-nascido durante a punção arterial
Teresa Mônica da Silva; Edna Maria Camelo Chaves; Maria Vera Lúcia Moreira Leitão Cardoso
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 726-732
Objetivou-se avaliar a intensidade da dor sofrida pelo recém-nascido prematuro na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, durante a coleta de sangue arterial, por intermédio da Neonatal Infant Pain Scale (NIPS), utilizando medidas de sucção não nutritiva. Estudo de intervenção, quantitativo, realizado com 24 recém-nascidos em Fortaleza CE, em 2004. O grupo-caso recebeu uma chupeta de gaze embebida em água destilada, e o grupo-controle, uma chupeta com glicose a 25%, dois minutos antes da coleta. Na análise inferencial, a intensidade média da dor com água destilada foi 6,08; com glicose a 25% foi de 1,04. Concluímos que as alterações comportamentais variaram significativamente, já as fisiológicas pouco foram alteradas.
Palavras-chave: Dor. Recém-nascido. Enfermagem. Neonatologia
7 - Transplante cardíaco infantil: perspectivas e sentimentos maternos
Kiarelle Lourenço Penaforte; Samila Torquato Araújo; Antonia do Carmo Soares Campos; Karla Maria Carneiro Rolim; Francisca Lígia Martins dos Santos
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 733-740
Objetiva-se descrever as perspectivas maternas e sentimentos despertados pelo transplante cardíaco infantil. Estudo descritivo com abordagem qualitativa, desenvolvido no Hospital do Coração, de Messejana, em Fortaleza-CE, no período de agosto a novembro de 2007. Os sujeitos foram sete mães de crianças transplantadas. Utilizaram-se como técnicas a entrevista semiestruturada e a análise dos prontuários. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo, em três etapas, segundo Bardin, organizados, analisados e interpretados à luz da literatura pertinente, vivência das pesquisadoras e experiência das entrevistadas. Da análise das falas, emergiram as unidades temáticas: necessidade do transplante; fonte de apoio; sentimentos externados pelas mães; a doação e perspectivas. Conclui-se que a doação é um momento de felicidade vivenciada por todas as mães, tratando-se da solução para vida de seus filhos, e a presença autêntica do enfermeiro nesta ocasião torna-se ainda mais essencial, pois humanizar faz parte do cuidar da enfermagem.
Palavras-chave: Transplante do Coração. Emoções. Enfermagem
8 - A experiência da família ao interagir com o recém-nascido prematuro no domicílio
Suely Alves Fonseca Costa; Circéa Amalia Ribeiro; Regina Issuzu Hirooka de Borba; Maria Magda Ferreira Gomes Balieiro
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 741-749
Estudo qualitativo que teve o objetivo de compreender como se dá a interação da família com o recém-nascido prematuro no domicílio, nas primeiras semanas após a alta hospitalar. O Interacionismo Simbólico foi o referencial teórico, e a Teoria Fundamentada nos Dados, o metodológico. Os dados foram coletados por observação participante e entrevistas com cinco famílias. A análise comparativa dos dados permitiu compreender que ter um filho, mesmo que prematuro, significa a realização de um sonho, cuja concretização faz com que a família vivencie dias de tristeza, angústia e dor decorrentes da prematuridade e hospitalização. Com a melhora clínica do bebê, ela se prepara para assumir seu cuidado no domicílio; acolhe-o com amor e carinho; vivencia mudanças no seu modo de ser, pensar e viver e sente-se recompensada. A compreensão dessa experiência oferece subsídios para repensar a assistência de enfermagem à família no seguimento do recém-nascido prematuro.
Palavras-chave: Enfermagem Neonatal. Prematuro. Enfermagem da Família
Maria Vitória Hoffmann; Isabel Cristina Santos Oliveira
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 750-756
O estudo tem como objeto o conhecimento da família acerca da saúde das crianças de 1 a 5 anos em uma comunidade ribeirinha. Os objetivos são: descrever as experiências de vida da família; analisar o conhecimento da família e discutir as implicações na saúde das crianças da prática assistencial da enfermagem. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, tipo estudo de caso. Como procedimento metodológico, utilizaram-se formulário e entrevista não diretiva em grupo. Por meio da análise temática, constatou-se que os conhecimentos das relações familiares e sociais são permeados por valores culturais, crenças, costumes e condutas. As condições socioeconômicas e a distância geográfica da comunidade favorecem a articulação entre o saber popular e a oferta de serviços de saúde próximos à comunidade. Conclui-se que familiares da comunidade necessitam de esclarecimentos e orientações para os problemas de saúde das crianças por parte dos profissionais de saúde; portanto, torna-se relevante a participação da enfermagem com vistas à promoção da saúde da população infantil.
Palavras-chave: Enfermagem Neonatal. Prematuro. Enfermagem da Família
Dayse Mary de Souza Carneiro; Ivis Emília de Oliveira Souza; Cristiane Cardoso de Paula
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 757-762
Objetivou-se compreender o significado de ser-mãe-acompanhante-de-filho-que-foi-a-óbito -por-doença-oncológica. A entrevista fenomenológica com 14 depoentes permitiu a captação dos significados que foram analisados como estruturas essenciais do fenômeno com base no referencial teórico-metodológico heideggeriano. Compreendeu-se que o ser-mãe significou: ser forte para tudo, mas na hora crítica da perda do filho sentiu necessidade de ter alguém ao seu lado; ser confortada por outras mães-acompanhantes/voluntários; contar com apoio familiar, institucional, governamental; ter muita dificuldade para aceitar o tratamento e a perda do filho; ter esperança de cura; querer que houvesse um jeito melhor de se falar que não há mais o que fazer. Na instituição, isso é registrado como Fora de Possibilidade de Cura Atual. A hermenêutica desvelou o sentido da impessoalidade do ser-mãe-aí-com no cotidiano assistencial. Diante dos significados/sentidos desvelados, conclui-se pela possibilidade de um cuidado singular e solícito, mediado pela empatia, em um movimento existencial dos profissionais de saúde sendo-com as mães.
Palavras-chave: Saúde da Criança. Enfermagem Pediátrica. Oncologia. Filosofia em Enfermagem. Existencialismo
Ivone Evangelista Cabral; Danielle Groleau
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 763-771
O "ensino-aprendizagem" integra o Método Mãe Canguru (MMC) brasileiro para promover as habilidades maternas na amamentação de bebês prematuros ou baixo peso. Por desconhecermos se o que foi ensinado integrou o círculo interno da família, nosso objetivo foi analisar como esse conhecimento sobre amamentação exclusiva foi incorporado no contexto dos domicílios. A pesquisa participante aconteceu no domicilio de 11 grupos de mães, familiares e vizinhos. O saber local dos vizinhos e familiares substituiu o conhecimento ensinado à mãe no MMC e mudou a alimentação desses bebês. A educação em saúde deve estender-se para além do hospital e incluir os familiares e pessoas significativas.
Palavras-chave: Cuidado pós-natal. Saúde da criança. Enfermagem pediátrica. Aleitamento materno
12 - O cuidado materno no manejo da asma infantil contribuição da enfermagem transcultural
Maíra Domingues Bernardes Silva; Leila Rangel da Silva; Inês Maria Meneses dos Santos
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 772-779
O objeto deste estudo são as práticas culturais do cuidado materno no manejo da asma infantil.
OBJETIVOS: descrever o conhecimento e o cuidado materno sobre a asma infantil e analisar o cuidado materno no manejo da asma infantil. Estudo descritivo-exploratório desenvolvido a partir de questionários e entrevistas com mães de crianças com asma, no período de setembro de 2008 janeiro de 2009. Após análise temática dos dados, emergiram três categorias: 1) Conceito e manejo da asma na visão das mães cuidadoras; 2) Asma como sofrimento e risco para a vida dos filhos; 3) Plantas medicinais, simpatias e religiosidade no cuidado do filho com asma. Concluiu-se que é importante respeitarmos a cultura das mães cuidadoras das crianças com asma, para que seus valores possam ser preservados, acomodados e reestruturados junto ao cuidado profissional.
Palavras-chave: Saúde da Criança. Enfermagem Transcultural. Enfermagem Pediátrica. Cuidado da Criança. Asma
13 - Comunicação não verbal entre mãe e filho na vigência do hiv/aids à luz da tacêsica
Marli Teresinha Gimeniz Galvão; Ênia Costa; Ivana Cristina Vieira de Lima; Simone de Sousa Paiva; Paulo César de Almeida; Lorita Marlena Freitag Pagliuca
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 780-785
Propôs-se analisar a comunicação não verbal entre mãe e filho na vigência do HIV/AIDS à luz da tacêsica (linguagem do toque) durante o desempenho dos cuidados maternos. Estudo exploratório desenvolvido em ambiente experimental em Fortaleza-CE no segundo semestre de 2007 com cinco díades mãe-bebê. Foram utilizados três recursos para a coleta de dados: questionário semiestruturado sobre a história de vida da mãe e da criança; filmagens de cuidados maternos (troca, banho, ninar, brincar e alimentar); e roteiro de análise das filmagens baseado na tacêsica. Identificaram-se 354 interações, cujas análises apontaram que o banho apresentou maior número de interações mãe e filho, havendo ainda prevalência entre os cuidados do toque de intensidade firme e o uso do toque instrumental. Conclui-se que as relações mãe-filho inseridas no universo do HIV devem ser continuamente debatidas com vistas à promoção de cuidado mais eficaz, e que os cuidados maternos são uma oportunidade para fortalecer os laços afetivos mediante o uso do toque, promovendo o desenvolvimento emocional e social satisfatório da criança.
Palavras-chave: Comunicação. HIV-1. Relações Mãe-filho
14 - Percepções e conhecimentos das mães em relação às práticas de higiene de seus filhos
Camila Bitencourt Remor; Vanessa Longuá Pedro; Beatriz Sebben Ojeda; Luiza Maria Gerhardt
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 786-792
Este estudo teve como objetivo identificar conhecimentos e percepções das mães em relação às práticas de higiene com seus filhos. Constituiu-se de uma pesquisa exploratória descritiva, com abordagem qualitativa, observando-se os aspectos éticos. Aplicou-se a Análise de Conteúdo de Moraes às entrevistas de dez mães de crianças frequentadoras de creches comunitárias, emergindo duas categorias: (a) percepções e conhecimentos e (b) práticas intergeracionais e de educação para a saúde. Observou-se a influência de fatores socioeconômicos e culturais no modo de cuidar dos filhos. Esse conhecimento, contextualizado na realidade das famílias, possibilita um planejamento para as atividades de enfermagem.
Palavras-chave: Criança. Higiene. Enfermagem. Cultura
Maria José Gilbert; Débora Falleiros de Mello; Regina Aparecida Garcia de Lima
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 793-801
O estudo tem por objetivo conhecer as experiências de mães de filhos com doenças de Hirschsprung atendidos em um hospital escola, em um município no interior do estado de São Paulo. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, com análise qualitativa dos dados produzidos mediante entrevistas semiestruturadas com 13 mães. Da análise emergiram dois temas: conhecendo a doença e a experiência do cuidado. Concluiu-se que o envolvimento dos pais no cuidado ao filho em situações de doença tem sido um grande desafio para os profissionais de saúde e que, para obter sucesso nessa dimensão do cuidar, é necessário haver habilidades nas esferas técnica e interpessoal de ambos os lados pais e profissionais de saúde. Os resultados possibilitaram identificar aspectos que necessitam de intervenções por parte da equipe de saúde, particularmente da enfermagem, objetivando melhor qualidade de vida para crianças e adolescentes com doença de Hirschsprung e suas famílias.
Palavras-chave: Mães. Cuidados de Enfermagem. Doença de Hirschsprung
16 - As práticas lúdicas no cotidiano do cuidar em enfermagem pediátrica
Tábatta Renata Pereira de Brito; Zélia Marilda Rodrigues Resck; Denis da Silva Moreira; Soraia Matilde Marques
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 802-808
Ainda que a ludicoterapia tenha valor terapêutico na hospitalização e necessite ser incorporada no processo de cuidar em Enfermagem Pediátrica, sua utilização não é efetiva nas instituições brasileiras. Sendo assim, objetiva-se apreender dos acadêmicos de Enfermagem o fazer práticas lúdicas com crianças hospitalizadas durante a formação profissional. Metodologicamente, adotou-se a abordagem qualitativa fenomenológica, considerando 16 acadêmicos do oitavo período do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Alfenas, após Consentimento Livre e Esclarecido. Utilizou-se entrevista aberta com a questão norteadora: Como são as atividades lúdicas no cotidiano de trabalho em Unidade Pediátrica? Os resultados são evidenciados pelas categorias motivação/gratificação, falta de empenho e iniciativa, e impotência. Por conseguinte, considerou-se que a inserção do lúdico em pediatria se processa gradativamente, e que o fazer práticas lúdicas implica rever a formação acadêmica, tornando a articulação ensino/pesquisa/extensão forte e coerente, para que os conteúdos enfatizem a humanização e integralização da assistência.
Palavras-chave: Pediatria. Hospitalização. Cuidados de Enfermagem
Ana Cláudia Mateus Barreto; Rosângela da Silva Santos
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 809-816
Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, cujo método empregado foi a História de Vida. Teve por objeto de estudo a vulnerabilidade da adolescente à doença sexualmente transmissível (DST). Os objetivos foram: identificar a condição de vulnerabilidade da adolescente em atendimento em maternidade pública no Rio de Janeiro; descrever as estratégias adotadas por adolescentes para prevenção das doenças sexualmente transmissíveis; analisar, a partir da história de vida de adolescentes, sua condição de vulnerabilidade às doenças sexualmente transmissíveis. A partir da realização deste estudo, evidenciou-se que as adolescentes, ao conviverem em núcleos familiares não coesos, são menos resilientes e, consequentemente, mais vulneráveis a contrair uma DST. O estudo evidenciou a importância de os enfermeiros se apropriarem dos conceitos de vulnerabilidade e resiliência para se tornarem aptos a estimular e aumentar a autoestima das adolescentes, e diminuir a sua vulnerabilidade às DST.
Palavras-chave: Vulnerabilidade. Adolescente. Doenças Sexualmente Transmissíveis. Enfermagem. Pesquisa Qualitativa
18 - Atitudes, sentimentos e imagens na representação social da sexualidade entre adolescentes
Denize Cristina de Oliveira; Antônio Marcos Tosoli Gomes; Ana Paula Munhen de Pontes; Luiz Phillipi Porto Salgado
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 817-823
Este trabalho tem como objetivo analisar a estrutura da representação social de sexualidade para adolescentes. De natureza qualitativa, foi desenvolvido com 746 jovens de duas escolas públicas do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados por meio de evocações livres ao termo indutor "sexualidade" e analisados pelo software EVOC 2003. O conjunto dos sujeitos apresenta uma estrutura representacional positiva, englobando dimensões atitudinais, valorativas e imagéticas. Aspectos negativos aparecem na periferia, indicando uma dimensão familiar e de consequências. Comparando a estrutura das representações por sexo, observa-se que são semelhantes, especialmente pela presença de elementos como "bom", "camisinha" e "prevenção". A especificidade do grupo feminino aparece enfatizando a dimensão atitudinal, enquanto o masculino se distingue por uma associação da sexualidade ao ato sexual. Conclui-se que as representações estão ligadas a comportamentos adotados diante da sexualidade e da sua valorização, bem como da existência de dimensões transversais às diversas estruturas.
Palavras-chave: Sexualidade. Saúde do Adolescente. Pesquisa Qualitativa. Enfermagem
19 - Trabalho precoce e acidentes ocupacionais na adolescência
Márcia Elena Andrade Santos; Maria Yvone Chaves Mauro; Christiano Gripp Brito; Débora Campos Machado
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 824-832
Estudo transversal, descritivo e quantitativo, com o objetivo de investigar a ocorrência de acidentes ocupacionais em adolescentes trabalhadores. Realizado de abril a agosto de 2008, com uma amostra aleatória de 308 adolescentes entre 14 e 18 anos de idade. Os resultados evidenciaram que 168 (54,5%) eram trabalhadores, 42%, desses, alegaram ter sofrido acidentes típicos, (18,5%) acidentes de trajeto, 14,9% afastaram-se do trabalho, 51,4% não tinham carteira assinada e a maioria era do sexo masculino. Os cortes e perfurações foram os acidentes mais ocorridos (27,5%), a queimadura constituiu o principal agravo (26,9%) e as partes do corpo mais afetadas foram mãos e dedos (40,4%). Conclui-se que os acidentes ocupacionais configuram-se como uma expressão da violência contra os jovens trabalhadores e um grave problema de Saúde Pública. Deve ser incorporado com prioridade na agenda dos serviços públicos e o enfermeiro, junto à equipe de saúde, podem ser os principais articuladores desse processo.
Palavras-chave: Adolescente. Trabalho de menores. Acidentes de trabalho. Saúde do trabalhador. Enfermagem
Denize Cristina de Oliveira; Ana Paula Munhen de Pontes; Antônio Marcos Tosoli Gomes; Monique Carvalho Marrafa Ribeiro
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 833-841
Este estudo objetiva analisar os conhecimentos sobre a prevenção das DST/AIDS e a adoção de preservativos masculinos pelos jovens. Estudo quantitativo, realizado com 492 adolescentes de duas escolas do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados no ano de 2003 por meio de questionário e analisados com EPI-INFO 6.0. Quanto à prevenção, 94,5% relataram conhecer o preservativo como método eficaz, porém 10,8% consideraram que a pílula anticoncepcional também previne as DST/AIDS, e 16,9% dos adolescentes indicaram que manter relações sexuais apenas com o namorado também se constitui como um método eficaz de prevenção. Com relação às práticas de prevenção, foram analisados apenas os adolescentes com vida sexual ativa (492); destes, 11% nunca usam preservativos nas relações sexuais, 32,7% usam eventualmente, e 53,3% usam em todas as relações sexuais. Conclui-se que o conhecimento não se expressa diretamente em práticas de prevenção e que o relacionamento estável e o uso de anticoncepcionais são associados à prevenção de DST/AIDS, positiva ou negativamente.
Palavras-chave: Sexualidade. Saúde do Adolescente. Pesquisa Quantitativa. Enfermagem
Camilla Pontes Bezerra; Lorita Marlena Freitag Pagliuca; Marli Teresinha Gimeniz Galvão
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 842-848
O diabetes mellitus, doença crônico-degenerativa, pode comprometer a retina. Objetivou-se analisar a eficácia do cuidado de enfermagem fundamentado no Modelo de Enfermagem Baseado nas Atividades da Vida Diária a uma adolescente com deficiência visual decorrente do diabetes mellitus tipo I, utilizando o estudo de caso. Os dados foram coletados em setembro 2006 por entrevistas no domicílio. Os resultados mostram ambiente doméstico inseguro devido a iluminação inadequada, nutrição alterada e déficit de conhecimento relacionado ao controle glicêmico, pressão arterial, sedentarismo e sexualidade. O Modelo foi válido, pois permitiu e promoveu o cuidado e comunicação objetiva entre pesquisadoras e a adolescente que apresentou boa apreensão, mostrou-se segura e autoconfiante, repercutindo em aumento da autoestima e desempenho de atividades de forma mais independente.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus. Adolescente. Portadores de Deficiência Visual. Enfermagem
22 - Vulnerabilidades de adolescentes com vivências de rua
Camila Rose Guadalupe Barcelos Schwonke; Adriana Dora da Fonseca; Vera Lúcia de Oliveira Gomes
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 849-855
Estudo exploratório-descritivo, qualitativo, efetuado nos meses de maio e junho de 2006, com o objetivo de discutir o contexto de vulnerabilidades em que estão inseridos os adolescentes que vivenciaram o ambiente de rua, com ênfase na exposição à infecção pelo HIV. A História Oral foi a técnica escolhida para a coleta dos dados, que foi operacionalizada por meio de entrevistas individuais gravadas e transcritas. Os informantes foram seis moças e seis rapazes que se encontravam acolhidos em duas instituições de abrigo de uma cidade do Rio Grande do Sul, Brasil. Os dados revelam que a baixa escolaridade e o barato das drogas os expõem a riscos, e que, acerca da camisinha, ainda há contradições. Tais fatores aumentam a vulnerabilidade às DSTs e AIDS, tendo em vista que o ambiente da rua não oferece condições necessárias à tomada de decisões conscientes, somando-se ao fato de estarem distantes do acesso a serviços e profissionais de saúde.
Palavras-chave: Saúde do Adolescente. Vulnerabilidade. Doenças Sexualmente Transmissíveis. Pesquisa Qualitativa
23 - Grupo focal e discurso do sujeito coletivo: produção de conhecimento em saúde de adolescentes
Vera Lúcia de Oliveira Gomes; Kátia da Silva Telles; Evelyn de Castro Roballo
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 856-862
Objetivou-se discutir o emprego do Grupo Focal (GF) para coleta e do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) para análise de dados em investigações no Campo da Enfermagem. Essas técnicas foram descritas sob o ponto de vista teórico e prático. Exemplificou-se o emprego pelo detalhamento das etapas metodológicas, de uma pesquisa aprovada em comitê de ética, em que se buscou compreender as implicações das representações de gênero na promoção de saúde de adolescentes do ensino médio, de uma escola pública da cidade do Rio Grande, RS. O GF mostrou-se eficaz, desencadeando discussões e posicionamentos dos jovens acerca da temática proposta, e o DCS permitiu compreender as implicações de tais representações na promoção de saúde desse grupo. Embora tais metodologias sejam pouco utilizadas no Campo da Enfermagem, mostraram-se promissoras para a concretização de investigações científicas.
Palavras-chave: Pesquisa em Enfermagem. Saúde do Adolescente. Gênero e Saúde
Rita de Cássia Magalhães Mendonça; Telma Maria Evangelista Araújo
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 863-871
Este estudo objetivou analisar a prática relacionada ao uso dos métodos contraceptivos entre adolescentes das escolas agrícolas da Universidade Federal do Piauí. Realizou-se estudo transversal com 652 adolescentes com idades entre 14 e 19 anos. Os resultados mostraram que, no sexo feminino, a idade média na primeira relação sexual foi de 15 anos (37,5%), com parceiro estável (71,9%). No sexo masculino, 76,7% iniciaram sua atividade sexual entre 14 e 15 anos, com parceira casual (73,5%). O contraceptivo mais conhecido por ambos os sexos foi o condom. Observou-se associação entre o conhecimento e uso da pílula (p<0,05). Concluiu-se que a saúde sexual do adolescente precisa ser mais discutida no contexto político. Deve-se ressaltar a necessidade de a escola enfocar a saúde sexual e preventiva.
Palavras-chave: Adolescente. Anticoncepcionais. Enfermagem
25 - O significado atribuído ao papel masculino e feminino por adolescentes de periferia
Maria Aparecida Baggio; Jacira Nunes Carvalho; Marli Terezinha Stein Backes; Dirce Stein Backes; Betina Hörner Schlindwein Meirelles; Alacoque Lorenzini Erdmann
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 872-878
Trata-se de pesquisa-ação cujo objetivo foi compreender os significados atribuídos ao papel masculino e feminino pelos adolescentes/jovens integrantes de um projeto de inclusão social. Participaram 27 sujeitos vinculados aos grupos da Gastronomia, Estética e Nova Descoberta. Os dados derivam da oficina "conhecimento do corpo humano", desenvolvida nos três grupos em momentos distintos, por meio da construção de cartazes, atividades de recorte, colagem, desenho, escrita; utilização de manequim e abordagem dialógica do tema. Os dados foram analisados conforme o método de análise temática de conteúdo. Os resultados apontam duas categorias: "a fortaleza e o poder masculino" e "o papel contraditório do gênero feminino". Conclui-se que as diferenças dos papéis masculino e feminino, relacionadas ao contexto sócio-político-cultural no qual os adolescentes/jovens estão inseridos, tem repercussões importantes na forma que vivem a sua sexualidade, e, acima de tudo, na construção do seu viver saudável e de sua cidadania.
Palavras-chave: Enfermagem. Cuidados de Enfermagem. Promoção da Saúde. Educação em Saúde. Adolescente
Márcia Diana Umebayashi Zanoti ; Juliana Coelho Pina ; Marcela Luisa Manetti
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 879-885
Verificar a correlação entre alterações de peso e pressão arterial em escolares do ensino fundamental de uma escola municipal do noroeste paulista.
MÉTODO: Estudo quantitativo, descritivo e correlacional. Após a coleta e categorização do peso e pressão arterial de 148 escolares, os dados foram digitados no Excel e analisados no programa estatístico Statistical Package for Social Science, versão 12, utilizando-se estatística descritiva e inferencial (tabela de contingência e teste de correlação de Pearson).
RESULTADOS: O sexo predominante foi masculino (63,5%), e a idade média 8,4 anos; 36,5% apresentaram índice de massa corpórea alterado (3,4% baixo, 10,1% sobrepeso e 23% obesidade); 4,7% apresentaram pressão arterial limítrofe, e 9,5%, hipertensão. O teste de correlação indicou correlação forte e positiva entre peso/índice de massa corpórea e pressão arterial.
CONCLUSÕES: Os resultados contribuem para o diagnóstico precoce de alterações pressóricas na população estudada e sua prevenção nos indivíduos obesos e com sobrepeso.
Palavras-chave: Saúde da Criança. Hipertensão. Sobrepeso
REVISÃO
27 - Preparo dos pais de recém-nascido prematuro para alta hospitalar: uma revisão bibliográfica
Fabiane Ferreira Couto ; Neide de Souza Praça
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2009;13(4): 886-892
Este estudo foi motivado pela constatação de que os profissionais de Unidades de Cuidado Intensivo Neonatal nem sempre se dedicam ao preparo do familiar para cuidar do recém-nascido prematuro no domicílio. Teve como objetivo identificar os procedimentos empregados, pelo enfermeiro, para o preparo do familiar para a alta hospitalar do prematuro. Realizou-se levantamento bibliográfico em bases de dados internacionais, entre 1998 e 2008, cujos 10 textos úteis foram lidos na íntegra e dos quais foram extraídos os focos principais de abordagem. Verificou-se que, no País, as iniciativas de envolvimento do familiar no cuidado intra-hospitalar ainda são incipientes e carecem de implementação de estratégias que assegurem a independência do familiar no cuidado do bebê no domicílio, enquanto, no exterior, a preocupação com este procedimento é mais presente. Proporcionar momentos de reflexão sobre o papel do enfermeiro na assistência ao familiar do prematuro é a finalidade deste texto.
Palavras-chave: Enfermagem Neonatal. Cuidado do Lactente. Prematuro. Família