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Volume 17, Número 4, Set/Dez - 2013



DOI: 10.5935/1414-8145.20130001

EDITORIAL

Saúde na perspectiva da integralidade

Neide Aparecida Titonelli Alvim

Doutora em Enfermagem. Professora Associada do Departamento de Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem Anna Nery, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - RJ. Brasil

Falar de integralidade, um dos princípios do Sistema Único de Saúde como política de Estado no Brasil voltada à atenção em saúde, remete a uma visão nova paradigmática de pensar o mundo e nele intervir, de forma dinâmica e totalizadora, superando a postura dualista que divide sujeito e objeto no processo de conhecimento. Requer, portanto, ampliar o foco sobre a saúde e seus modelos de intervenção.

O termo 'integralidade' abarca um conjunto de atividades e de sentidos articulados entre si, abrangendo ações individuais e coletivas na organização dos serviços de saúde, nas práticas e modelos assistenciais e seus respectivos agentes - gestores, profissionais e usuários - nos diferentes níveis de atenção do sistema. Pensar a saúde sob essa perspectiva implica compreendê-la como uma questão de cidadania, uma vez que corresponde ao direito a que toda pessoa tem à saúde. Implica relacioná-la às políticas econômicas e sociais vigentes e às necessidades e demandas da população que delas se derivam. Requer, também, atitudes respeitosas às pessoas como seres histórico-sociais, possuidores de saberes que não devem ser desvalorizados e desqualificados, mas reconhecidos na organização dos serviços e na prática dos profissionais. Rompe-se, desta feita, com a cultura do silêncio imposta pela biomedicina cujo saber do profissional é superior e único nas ações de saúde.

A integralidade neste campo propõe a superação da ação objetivada ou somente circunscrita a sistemas isolados do corpo físico, cuja concepção mecanicista reduz o foco da atenção à doença e negligencia a pessoa em seu contexto. É oportuno trazer o lugar da intersetorialidade e da interdisciplinaridade nesse modelo. Ambas pressupõem respeito aos sujeitos envolvidos nos serviços de saúde e a ruptura com a fragmentação de saberes e de ações, conclamando formas de intervenção alusivas à complexidade dos espaços, dos sujeitos e das ações que conformam o cuidado. Significa dizer que todo cidadão tem direito de acesso a variadas e abrangentes tecnologias aplicadas à saúde de modo a que possa fazer suas opções e escolhas, considerando os espaços e as circunstâncias que se lhes apresentam o que supõe a oferta dessas tecnologias em toda rede oficial de saúde. Implica, por um lado, a ausência de hierarquia e grau de valoração entre estas por parte de profissionais e gestores e, por outro, a participação ativa dos usuários, incluindo controle social sobre os serviços de saúde.

Essa participação nas decisões sobre a saúde é condição ética, atributo que se articula aos princípios doutrinários da Política Nacional de Humanização cujo arcabouço teórico-filosófico valoriza a dimensão subjetiva e social em suas práticas de atenção e gestão, e, ainda, a construção de autonomia e protagonismo de sujeitos e coletivos. Nesta visão ético-humanista todos - trabalhadores, usuários e gestores - passam a ser corresponsáveis pela qualidade das ações e dos serviços prestados.

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