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Volume 12, Número 2, Abr/Jun - 2008

FAC-SÍMILE

 

"A formação moral da estudante de enfermagem"

 

 

Maria da Luz Barbosa GomesI; Marta SauthierII

IDoutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ. Pesquisadora do NUPHEBRAS
IIDoutora em Enfermagem. Professora Substituta do Departamento de Enfermagem Fundamental - EEAN/UFRJ

 

 

Apresentação

O texto "A formação moral da estudante de enfermagem", de autoria de Waleska Paixão, então presidente da Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas - ABED e Diretora da Escola de Enfermagem Ana Néri da Universidade do Brasil, constitui-se em uma palestra proferida no V Congresso Nacional de Enfermagem. O evento realizou-se no Distrito Federal, em novembro de 1951, como parte da temática: Problemas Relativos às Escolas de Enfermagem. A autora convidava para uma reflexão acerca dos problemas na formação das enfermeiras, enfocando questões intrínsecas e extrínsecas à enfermagem, como a qualidade e quantidade de enfermeiras formadas, para que pudesse contribuir para a solução dos problemas de saúde da época. Face aos parcos recursos humanos disponíveis nos hospitais, enfatizava que o reduzido número de enfermeiras provocava um distanciamento do cuidado direto ao doente. Alertava, também, para a proliferação de escolas de enfermagem funcionando em condições precárias. Chamava a atenção para o apego às tradições, exemplificando com a existência do sistema de internato nas escolas de enfermagem, herança do modelo Nightingale, com o alegado objetivo de facilitar às jovens estudantes a incorporação dos valores da profissão. Entretanto, com expectativa de aumento do número de alunas e as dificuldades de manutenção da residência, não se justificava mais o caráter obrigatório do internato. Waleska Paixão faz uma crítica à exigência de presença integral em campo de estágio, sugerindo flexibilidade, o que chama de "justa medida". Ressalta que, em alguns pontos, a autoridade dificulta o progresso e cerceia a liberdade dos jovens, dificultando a relação docente-discente. Critica, ainda, os excessos da técnica e da ciência, obscurecendo o valor humano e social do trabalho e a percepção do paciente como ser humano. Numa escola, onde se dá a verdadeira noção de liberdade com responsabilidade, respeitam-se as crenças das alunas e dos docentes, procura-se oferecer condições para a formação da personalidade da estudante, mais por "persuasão do que por compressão". Explicita, ainda, que "será respeitada a personalidade de cada uma e não se pretenderá nem comprimi-la dentro de um molde nem privá-la de uma sábia orientação, poupando-lhe experiências duras e decepcionantes". Nessa escola, o corpo docente apresentaria competência e valores condizentes com as exigências da profissão. Esses princípios se refletiriam no currículo, na organização da residência e dos serviços, nas relações de cada dia, entre docente e discente. Finaliza recomendando à ABED interferência junto às autoridades para melhorar as verbas destinadas às escolas de enfermagem e ações no sentido de aumentar o salário das enfermeiras em atividade nas escolas. Conclama, ainda, a ABED para estudar a questão do currículo do curso de enfermeiras e a regulamentação dos internatos. Constatamos que Waleska Paixão defendia uma pedagogia inovadora à época, especialmente enaltecendo a liberdade com responsabilidade, que viria a se materializar nas mudanças curriculares e instrumentos legais da profissão.

 

 

 

 

 

 

 

 

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