INTRODUÇÃO

Em nome da Comissão Organizadora tenho a honra de dar as boas vindas a todos vocês, participantes do 2º Seminário de Saúde da Criança e Adolescente do Núcleo de Pesquisa de Enfermagem em Saúde da Criança do Departamento de Enfermagem Materno Infantil da Escola de Enfermagem Anna Nery, e no 1º Encontro de Grupos de Pesquisa em Saúde da Criança e Adolescente. Esse último nasce, como resultado de uma parceria com quatro Faculdades de Enfermagem e cinco hospitais da rede de saúde do Rio de Janeiro, a Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras e representantes de grupos de pesquisa nessa área, de diferentes instituições.

Cabe destacar que a conjugação de esforços das enfermeiras e enfermeiros do Núcleo de Saúde da Criança e Adolescente (NUSCRIAD) da Faculdade de Enfermagem e Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; da Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense; do Instituto Fernandes Figueira da FIOCRUZ; Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) da UFRJ, Hospital Central Aristarcho Pessoa do Corpo de Bombeiro do Estado do Rio de Janeiro e o Hospital Municipal Miguel Couto, foi decisivo para a concretização de um sonho aspirado por muitos de nós que vivemos aqui no Rio de Janeiro. O apoio incondicional do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e da Central de Eventos Científicos e Culturais da EEAN, se materializou no acolhimento e na operacionalização da idéia de associação dos dois eventos. Um especial agradecimento as Professoras Elisa da Conceição Rodrigues, Tânia Vignuda de Souza e Professor Roberto José Leal, que junto comigo forma o quarteto de ouro da saúde da criança da Escola de Enfermagem Anna Nery.

Quero, no ensejo desse momento, registrar meu reconhecimento a Faculdade de Enfermagem da UERJ, na pessoa da Prof. Marialda Christoffel e ao Hospital Universitário Pedro Ernesto, nas pessoas das enfermeiras Neusa Maria de Azevedo e Renata de Oliveira Maciel, pela grandeza com que conduziram esse trabalho em conjunto, de soma de esforços e de crescimento coletivo. Vocês foram magníficas, vocês são especiais.

Às parceiras que compõem as diferentes comissões desse evento, meu agradecimento especial. Sem vocês, esse trabalho não seria levado a termo.

O FORTALECIMENTO DO CUIDAR E DO PESQUISAREM SAÚDE DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

Caros participantes do 2º Seminário de Saúde da Criança e Adolescente e 1° Encontro de Grupos de Pesquisa, no berço das reuniões científicas dos dois Núcleos (NUPESC e NUSCRIAD), alimentamos um sonho possível de fazer nascer um encontro que desse luz e visibilidade ao que estamos fazendo, pesquisando, discutindo, criando, gestando propostas de cuidado em favor da criança brasileira. Esses eventos sintetizam a aspiração de um grupo de mulheres e homens que vêem na utopia a possibilidade de realizar sonhos e transformar realidades. Saímos da fase reflexiva e crítica particular para a ação coletiva.

É preciso nos conhecermos melhor, para fortalecer a enfermagem na saúde da criança e adolescente, e ainda responder a uma demanda social anunciada na pesquisa de Kakehashi (1998). Nesse estudo, a autora encontrou 435 artigos de enfermagem pediátrica, publicados em 16 periódicos nacionais de enfermagem, no período de 1932 a 1995. Os autores que mais publicaram, ao longo desses 63 anos, foram docentes em autoria única, sendo a saúde do recém-nascido, a temática de maior enfoque e o tipo de artigo mais comum, a não pesquisa com procedência da área assistencial. Foi identificado ainda, uma desarticulação das palavras chaves com os descritores da ciência da saúde, elemento de referência para a localização da produção científica nos bancos de dados. Estes dados são elucidativos da problemática da produção do conhecimento em nossa área e se apresentam como um desafio para a organização dos saberes e das práticas que contribuem com a atuação do enfermeiro e da enfermeira pediatra junto a criança, o adolescente e seu familiar (CABRAL, 2001).

Pedreira (1998, p.09) nos alerta de que "os trabalhos científicos... refletem a necessidade de conhecer, controlar, solucionar ou interpretar situações vivenciadas na prática profissional e demonstram o estágio da evolução científica da área".

Os caminhos dos desafios da produção do conhecimento de enfermagem pediátrica também foram apontados por Silva & Cabral (2001), analisando-se a produção do período de 1990-1998. Identificou-se em 180 revistas nacionais 1.630 artigos publicados, destes, apenas 7% (n= 114) correspondiam a artigos de enfermagem pediátrica.

Os quadros anunciados por Kakehashi em 1998 e Silva & Cabral em 2001 reforçam a necessidade de realização desses eventos que ora nos congregamos, para ampliar, assim os campos de possibilidades para que os enfermeiros e as enfermeiras de serviço e da docência divulguem suas práticas e os conhecimentos que estão produzindo, seja da experiência do saber feito (FREIRE, 2002), seja da rigorosidade metódica da pesquisa científica.

Ao lado desse desafio de difusão do conhecimento, outro se nos apresenta, o de transformarmos conhecimento em práxis, através do delineamento de políticas públicas que reduzam a chaga social de nosso tempo, a criança em situação de risco social. Criança não pode, não deve ser programada para matar, roubar, viver a dor da miséria social e da fome de afeto e alimentos. Criança precisa viver, conhecer a felicidade, superar o dissabor das adversidades normais do ser criança, pela resiliência pueril, capacidade de superar o vivido de ser criança.

Cenas que nos chocam, devem nos retirar do imobilismo. Como fazer isso? Elegendo melhor nossos governantes, somando esforço com a sociedade para mudar o estado em que vivemos? Não temos respostas prontas, porque elas precisam ser construídas juntas. O Peter Pan que não cresce, uma criança perdida ou abandonada por suas famílias, pelo estado e pela sociedade é uma metáfora, perfeitamente aplicável aos tempos de hoje. A infância das crianças em risco social é ao mesmo tempo curta, pois muitos não sobrevivem, e eternizante para aqueles que a vivem. Como disse uma menina de rua em uma reportagem para a uma revista de grande circulação. "A infância para mim é uma terra do nunca, porque ela não se acaba". Precisamos nos solidarizar com isso, nos indignar e chorar para seguirmos amando, tentando, lutando por uma terra do nunca, existente apenas na ficção e nos contos... e que ela seja mais que uma metáfora em nossa vida. Essas questões de risco social e de risco para a saúde se conjugam e fazem parte da nossa problemática em discussão em ambos os eventos.

Eles foram planejados, organizados e implementados com o propósito de congregar enfermeiros e demais profissionais interessados ou que atuam na área de saúde da criança e adolescente para discutir as Dimensões do Cuidar e do Pesquisar nessa área.

Por essa razão, temos absoluta certeza de que sua presença conosco ao longo desses três dias é indispensável para o pleno sucesso dos eventos, e que o compartilhamento de seus conhecimentos e reflexões trarão contribuições para o pensar e o fazer enfermagem em saúde da criança e adolescente. Nesse sentido, estabelecemos como objetivos para esses três dias: 1) Promover o encontro de pesquisadores, profissionais de ensino e serviço e estudantes que desenvolvem a pesquisa, o ensino e assistência a saúde da criança e do adolescente; 2) Discutir as dimensões do cuidar e do pesquisar na assistência, pesquisa e ensino de saúde da criança e adolescente; 3) Estabelecer uma rede de intercâmbios e cooperação entre pesquisadores e profissionais e instituições envolvidas com a saúde da criança e adolescente.

Com o propósito de viabilizar a consecução dos objetivos, o programa científico tem como tema central "As dimensões do cuidar e do pesquisar em saúde da criança e adolescente", desenvolvido sob a forma de cursos pré-evento, conferências, mesas redondas, mesa coordenada, ciclo de debates, sessão multimídia, sessão "pôster" e encontro com os autores e lançamento de livros.

Encerrando a primeira parte da jornada

Certamente, você se encantará com a hospitalidade do povo carioca e com as maravilhosas curvas que se desenham no entorno da cidade, com a onda do mar que bate na praia e com o calor do clima do mês de novembro. O nascer e o pôr do sol são deslumbrantes, por isso, a programação se encerra ainda com o sol no horizonte para que você possa desfrutar, da visão paradisíaca do por do sol no Rio de Janeiro, uma das mais charmosas Capitais do Brasil.

Estamos muito agradecidos pela presença. Por gentileza, esperamos que vocês fiquem conosco todo o tempo, que nesses três dias possamos fazer uma imersão e apontarmos novas saídas para as muitas metáforas que nos cercam no dia-a-dia, seja no ensinar, no pesquisar ou no cuidar em saúde da criança e adolescente.

REFERÊNCIAS

CABRAL, I. E. O desafio do conhecimento de enfermagem pediátrica. Rev. Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras. São Paulo, vol. 2, n.1, p. 65-66. Dez. 2001.

FREIRE, R Pedagogia da Autonomia. 20 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.165p

KAKEHASHI, S. Enfermagem pediátrica brasileira: produção científica de 1932 a 1995. Orientadora: Dra. Vitória Secaf. 1998,303p. Tese (Doutorado em Enfermagem)- Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo, 1998.

PEDREIRA, M.L.G. Publicações Científicas Nacionais e Internacionais de Enfermagem Pediátrica segundo os padrões fundamentais de conhecimento da Enfermagem de CARPER e WHITE. São Paulo: UNIFESP/Depto. de Enfermagem. 1998.21 p. Projeto de Tese. (Doutorado em Enfermagem) - Departamento de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo, 1998. Mimeo.

SILVA, E; CABRAL, I. E.. O cuidado de enfermagem à criança no pós-terapia intensiva pediátrica: reflexos na produção científica nacional da década de 90. Esc. Anna Nery. R. Enferm., Rio de Janeiro, v. 5. N. 1, p. 93103, abr. 2001.