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Volume 4, Número 3, Set/Dez - 2000

Boas Vindas:

Ilustríssimo Sr Decano do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ilustríssimas senhoras professoras que compõem esta mesa solene de abertura, professoras, alunos e funcionários que formam o corpo social da EEAN, enfermeiros e enfermeiras latino-americanas, participantes do 1° Colóquio Latino-americano de história da enfermagem, nossos caríssimos amigos, meu cordial boa noite.

Muito me orgulha estar à frente de uma instituição tradicional, histórica e quase octagenária (77 anos), como é a Escola de Enfermagem Anna Nery, cujo papel de vanguarda tem demarcado cortes epistemológicos importantes na história da enfermagem brasileira. Em 1923 inaugurou um novo modo de ensinar, pensar e fazer enfermagem no Brasil, com a introdução do sistema anglo-americano, como comprovou Sauthier 11996) em sua tese de doutoramento, o que imprimiu à enfermagem o pensamento científico nightingaleano.

Em, 1972, deu início ao primeiro curso de pós-graduação strictu sensu, trazendo novo impulso à enfermagem brasileira, em atendimento às novas demandas da carreira no espaço da universidade (Baptista, 1997).

A história da instituição desde sempre vêm se entrelaçando com os múltiplos desafios impostos pelos movimentos sociais, e as novas tendências do mundo em franca transformação. As pessoas que dela fazem parte têm trabalhado incessantemente para manter o nome e o padrão que a transformou em um ícone de referência para toda a enfermagem brasileira.

Aliás, são os desafios que nos reatroalimentam de energia e ousadia para continuar avançando pelas linhas temporais do futuro. Um futuro iluminado pelo desejo e pela motivação de fazer da enfermagem uma profissão reconhecida nos quatro cantos deste planeta como indispensável à existência humana, somente a força do coletivo poderá situá-la no mundo da pós-modernidade como uma ciência imprecisa e precisa, no universo vago e impreciso da objetividade científica.

No modo como ensinamos, pensamos e fazemos enfermagem na Escola de Enfermagem Anna Nery, temos com os nossos 75 docentes, 560 alunos de graduação, 120 de pós-graduação, 53 funcionários técnico-administrativos, portanto uma população de mais de 800 pessoas com o firme propósito de honrar o nome e a tradição da Escola e da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nossos esforços, por vezes, vão além dos limites da natureza humana, seja física ou psicológica, há um verdadeiro imbricamento de metas e propósitos.

Congregar companheiros e companheiras brasileiras e latino-americanas é um exemplo de história viva do tempo presente, o engajamento dos docentes da EEAN, em especial do Departamento de Enfermagem Fundamental na realização de um evento internacional do porte deste Colóquio, reflete o amadurecimento de uma área de conhecimento, que é fundamental, ou porque não dizer, representa o avanço do conhecimento gerado no espaço de uma pesquisa básica para a estruturação do saber de enfermagem em suas múltiplas dimensões.

Parafraseando Freire (1980) o homem é um ser de raízes espaço-temporais, e por isso mesmo ele cria história, faz e refaz cultura. Vejo que as raízes espaço-temporais da enfermagem enquanto profissão permite que nós possamos nos reconhecer como protagonistas de nossa própria história e conseqüentemente criadores de nossa cultura. Isso é essencial para o amadurecimento do pensar humano, centrado na sua existência concreta. A nossa compreensão assentada nesses pressupostos enunciados por Paulo Freire é que coloca a história da enfermagem como um campo de saber que ouso situar no plano das ciências básicas de enfermagem.

É, portanto com essas palavras que declaro aberto o 1° Colóquio Latino-americano de história da enfermagem, por entender que o estreitamento de laços é um dos muitos caminhos para a construção coletiva de um projeto de enfermagem como profissão situada na era da pós-modernidade.

Para mi compañeras latino-americana, yo quiero ler um poema de Pablo Neruda que me gusta mucho;

Las vidas

Ay qué incómoda a veces

Te siento

Conmigo, vencedor entre los hombres!

Porque no sabes

Que conmigo vencieron

Miles de rostros que no puedes ver,

Miles de pies y pechos que marcharon conmigo,

Que no soy,

Que no existo.

Que sólo soy la frente de los que van conmigo,

Que soy más fuerte

Porque llevo em mí

No mí pequeña vida

Sino todas las vidas,

Y ando seguro hacia adelante

Porque tengo mil ojos.

Golpeo com peso de piedra

Porque tengo mil manos

Y mi voz se oye en las orillas

De todas las tierras

Porque es la voz de todos

Los que no hablaron.

De todos que no cantaron

Y cantan hoy corn esta boca

Que a ti te HABLA (besa).

Corn esta poesía de Pablo Neruda (1952:78-79) estoy brindando el mi saludo las compañeras e los compañeros latino-americanos! Bien venidas ao Rio de Janeiro e seam mui felizes com nosostros, a cá em nuestra Escuela de Enfermería Anna Nery.

Bem vindos ao Rio de Janeiro! Desejo a todos que esses três dias fiquem marcados na história de vida de cada um, e que sejam muito felizes. Acredito que ser feliz, e fazer o nosso próximo feliz são as nossas maiores metas. Aproveitem para desfrutar da beleza sem par da nossa cidade maravilhosa, esticando sua permanência no fim de semana.

É um prazer Tê-los entre nós!

Boa noite!

Rio de Janeiro, 29 de Agosto de 2000.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAPTISTA, S. de S.; BARREIRA, I. de A. A luta da enfermagem por um espaço na universidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997. 193 p.

SAUTHIER, J.; FREIRE, P. Concientizacão. Teoria e prática da libertação. São Paulo: Moraes, 1980.

NERUDA, P. Los versos del captain. Santiago: Planeta, 1952.

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