Volume 3, Número 2, Mai/Ago - 1999
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Discorrer sobre as enfermeiras e seu trabalho sempre foi um grande anseio, e as do Hospital dos Servidores do Estado figuravam como exemplos de perfil profissional transmitido pela Escola Anna Nery, haja visto que as enfermeiras-chefe dessa Instituição pertenceram em sua maioria à referida Escola.
Realizar este trabalho de pesquisa tornou-se muito gratificante pois conseguimos associar, num movimento simultâneo, a História da Enfermagem e a História das enfermeiras do HSE.
Desenvolver a historia oral no campo da enfermagem ainda é algo novo e por este motivo tornou-se um grande desafio a ser enfrentado. Durante meses escrevemos e reescrevemos palavras que pudessem traduzir o nosso entusiasmo ao desenvolver es se estudo. Desejamos ter o dom de transformá-las numa seqüência agradável de ser acompanhada pelo leitor.
Ouvir as vozes das enfermeiras que foram e são atores sociais em determinado momento e as entonações que modulam seus depoimentos, trouxe uma emoção que raramente conseguimos obter através dos documentos escritos.
Um aspecto que desperta a atenção é o fato de tomar conhecimento de que, mais do que a informação, as fontes orais traduzem formas de pensar e percepções do mundo que articulam e articulavam os homens dentro de um processo histórico, numa narrativa carregada de realismo social onde elas expressaram seus valores culturais e as circunstâncias históricas que modelaram seus pontos de vista.
Embora não exista a ambição de abranger todos os aspectos da história, há o esforço de unir as diversas histórias individuais numa história maior, onde a reconstituição das trajetórias dos sujeitos permita interligá-la com o próprio sentido do existir na coletividade profissional.
POR QUE ENFERMEIRAS?
A partir de Florence Nightingale, a Enfermagem passou a ser entendida como vocação específica para mulheres e a idéia de homens na profissão não era aceita.
As razões que teriam levado Florence e suas sucessoras a adotarem tal posicionamento são discutidas por vários autores: A precursora da Enfermagem Moderna entendia que o real significado da profissão residia no seu espírito vocacional e submisso, onde se buscava desenvolver nas estudantes a "respeitabilidade, obediência, delicadeza, submissão, destreza no trabalho pesado, lealdade, passividade e religiosidade".
Como no Brasil a Enfermagem, a partir da década de 20, estruturou-se nos moldes nightingalianos, a concepção desta imagem profissional tomou-se basicamente feminina, haja vista que um dos requisitos para fazer o curso no Departamento Nacional de Saúde Pública era ser do sexo feminino.
As mulheres reproduziram, no ambiente de trabalho, as condições de um trabalho doméstico, onde a prática de organização, disciplina, obediência, controle e formação moral satisfaziam os interesses capitalistas das instituições.
Muitos foram os motivos utilizados na prática da profissão que culminaram então com a predominância feminina. Ao analisar esta característica, destaca que as enfermeiras "como mulheres inserem-se no meio profissional com uma posição de submissão já determinada em relação aos homens com quem se relaciona." (Loyola, 1987:21)
Desse modo, foi sendo então concebida a identidade da Enfermagem, pois, num sistema social patriarcal, a "socialização do homem dificultaria sua formação disciplinar, pré-requisito necessário para o exercício da enfermagem" (Lunardi, 1993.:292).
Como veremos posteriormente nos depoimentos, a figura masculina entre as enfermeiras do Hospital dos Servidores do Estado só aconteceria na década de 60, e na memoria do grupo ficou marcada a presença do primeiro enfermeiro da equipe.
METODOLOGIA
Estudo de natureza qualitativa, seu recorte temporal compreende o período de 1947 -1980, que se justifica pelo fato de que, em 1947, o HSE foi inaugurado com uma proposta de atendimento altamente diferenciado e 1980 o ano em que "presenciamos a rendição da direção e dos funcionários às pressões externas"
Nas pesquisas qualitativas, o desenvolvimento dos estudos vai se adequando aos dados obtidos e às observações que vão sendo realizadas, buscando apreender dialeticamente a realidade social.
Consideramos para este estudo a história oral como método, pela oportunidade que ela nos proporciona de fazer uma dupla abordagem do contexto estudado, ou seja, os depoimentos pessoais, que constituem a fonte primária da pesquisa, concomitantemente permitem desenvolver as experiência individuais e emprestam ao conteúdo da história uma nova dimensão.
Trata-se de "ampliar o conhecimento sobre acontecimentos e conjunturas do passado, mediante o estudo aprofundado de experiência e versões particulares, de compreender a sociedade através do indivíduo que nela viveu" (Alberti, 1980.:03).
Contudo, não podemos esquecer que "toda prática é inevitavelmente ideológica porque se realiza dentro de uma opção política..., no sentido da realização da capacidade de conquista de espaço próprio e da potencialidade do contexto das condições objetivas"(Demo, 1989.:102).
Elaboramos uma lista com trinta nomes de enfermeiras que atuaram no hospital nas décadas do recorte temporal do estudo (1947 a 1980) e que talvez se dispusessem a participar desta pesquisa.
Conforme planejado, contatamos todas que estavam relacionadas sem preocupação neste momento com o período de atuação. Recebemos para este procedimento o apoio da maioria; contudo, mesmo explicando a finalidade do estudo e garantindo o sigilo das identidades, obtivemos algumas respostas negativas quanto à participação como informantes por se declararem sem condições de falar, por motivo de saúde debilitada ou se considerarem incapazes de lembrar coisas do passado. Outras mostraram-se inseguras por precisarem "falar coisas daquele passado."
Tendo em vista que a população na abordagem qualitativa é definida pela representatividade numérica que possibilite a expressão global do conjunto das experiências, com o objetivo de obter maior aproximação da história original, consideramos relevante o fato de que as informantes deveriam pertencer a cada uma das décadas incluídas no recorte temporal e terem ocupado ou não cargos de chefia na instituição.
O passo seguinte foi entrar em contato com as enfermeiras que participaram do primeiro grupo de trabalho no hospital, e depois foram agendadas entrevistas com aquelas que atuaram nos períodos subseqüentes.
Desta forma, obtivemos como fonte de informação três depoimentos da década de 40, um da década de 50, dois pertenciam aos anos 60 e quatro obtidos de enfermeiras da década de 70. O número de representantes, por período, estabeleceu-se mediante a disponibilidade das participantes e reincidência das informações.
As entrevistas aconteceram entre os meses de Agosto de 1994 e Janeiro de 1995. Durante vários meses nos reunimos e a cada encontro era resgatado um contexto rico em emoções e lembranças porque a memória trazia para o presente fatos que só são conhecidos por aquelas que viveram a época e que, muitas vezes, não são encontrados nos livros com a visão de quem os vivenciou... "As palavras podem ser emitidas de maneira idiossincrática mas, por isso mesmo são mais expressivas. Elas insuflam vida na história." (Thompson, 1992.:41).
Nas entrevistas, foram abordadas questões referentes à razão da escolha da profissão de enfermeira, formação profissional, início das atividades no HSE, trajetória profissional (fatos marcantes, experiências profissionais e oportunidade de desenvolvimento), impacto das mudanças na política de saúde sobre a Instituição e opinião sobre essas mudanças em relação ao trabalho desenvolvido pelas enfermeiras de acordo com sua época.
Os instrumentos empregados no desenvolvimento do trabalho de pesquisa foram basicamente três: o depoimento gravado, a ficha do informante e o diário de pesquisa.
Transcrevemos as narrativas tal como colhidas através do gravador. Nas entrevistas não foram raras as vezes que nos flagramos encantada pelas lembranças dessas mulheres. Algumas passagens foram contadas em confiança como confidências e por isso não foram registradas. Cada sessão levou em média duas horas e, com exceção de uma que ocorreu no Hospital dos Servidores do Estado, todas tiveram como cenário a residência das entrevistadas.
DA PROFISSIONALIZAÇÃO À MODERNIDADE
A Enfermagem possui uma história muito peculiar quando conhecida, pois sendo uma profissão basicamente feminina enfrentou uma série de dificuldades devido a essa condição.
Preconceitos, subordinação e muitas vezes dominação são elementos que compõem a história da luta das mulheres que construíram a profissão de Enfermagem não só no Brasil, mas em todas as partes do mundo.
No Brasil, na década de 20, o discurso das enfermeiras pioneiras formadas pelo grupo americano era de apoio aos valores e à ideologia dominante, marcado por diversos paradoxos; devido ao fato de a profissão ter surgido de um aparelho de Estado para responder a interesses governamentais (Silva, 1989:78). Recrutadas para resolver problemas de saúde pública, afigurava-se paradoxal o tempo despendido pelas alunas no estágio hospitalar.
O Saber de Enfermagem mudou seu polo de atuação por volta da década de 70 e deixou um espaço que rapidamente foi ocupado pela assistência curativa de caráter individual, coincidindo com o momento do "Milagre Econômico Brasileiro."
CONTEXTUALIZAÇÃO
Entendendo a história como práxis2e nesta perspectiva a história é o real, que é o movimento incessante pelo qual os homens, em condições que nem sempre foram escolhidas por eles, instauram um modo de sociabilidade procurando fixá-lo em instituições determinadas como: a família, condições de trabalho, relações políticas, tipos de educação, etc. Além disso, produzem idéias ou representações pelas quais procuram explicar e compreender sua própria vida individual e/ou social, tendendo a esconder deles mesmos o modo real como suas relações sociais de exploração econômica e de dominação política foram produzidas.
Esse aculturamento da realidade social chama-se ideologia, sendo que por seu intermédio são "legitimadas as condições sociais de exploração e de dominação, fazendo parecer que elas são verdadeiras e justas"(Chauí, 1993.:21)
A História das Enfermeiras tal como a História do Brasil não é, portanto, mera sucessão de fatos no tempo, mas representa o modo como determinados homens em determinadas condições criam os meios, as formas, reproduzem ou transformam sua existência social.
A primeira forma de organização das prioridades de atenção médica no país surgiu com a reforma Carlos Chagas (Decreto n. 15.003, de 1921) no governo do Presidente Washington Luís. Além de oficializar, a lei torna possível a expansão estatal dos serviços de atenção médica curativa.
Em 1923, as modificações impostas pela Lei Eloy Chaves, no que se refere principalmente à participação do Estado frente à problemática trabalhista e social, determinam de modo efetivo o surgimento da Previdência no Brasil, estatizando as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) através da Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários.
Em 1926, o Decreto n. 5.109, de 20 de dezembro, estendeu o benefício do regime anterior a outras categorias, introduzindo assim algumas modificações, sem no entanto romper com o modelo até então definido.
Nesse mesmo ano, o governo cria o Instituo de Previdência para os Funcionários Civis da União, passando o Estado a desempenhar as funções correspondentes ao empregador privado nas caixas e pensões empresariais. Este Instituto dará origem mais tarde ao IPASE (Instituto de Pensões e Aposentadoria dos Servidores do Estado).
Em 1930, as atividades de saúde passaram do âmbito do Ministério da Justiça e Negócios Interiores para o recém criado Ministério da Educação e Saúde.
Ao longo dessa década, a estatização das CAPs foi estendida a outras categorias profissionais com a criação de novos Institutos de Seguridade Social, favorecendo as camadas de trabalhadores urbanos mais aguerridos com sindicatos e mais fundamentais para a economia agro-exportadora até então vigente.
Em 1933, o governo decide criar os Institutos de Aposentadorias e Pensões (lAPs) onde os empregados estariam reunidos sob o mesmo regime previdenciário por categoria profissional, e não mais por empresa como no regime das CAPs, e ao mesmo tempo receberíam todo o tipo de assistência, inclusive à saúde.
Assim, no mesmo ano, surge o IAPM (dos marítimos), o IAPB (dos bancários) é criado em 1934, o IAPI (dos industriários) nasce em 1937 após o golpe ditatorial, em 1938 são criados o IAPTEC (dos empregados em transportes e cargas) e o IPASE (dos Servidores do Estado)3 que apenas se atualiza organizacionalmente, o IAPC (dos comerciários) é do ano de 1940 (Santos, 1994:29).
Na análise feita por Santos (1994.:68), no período do Estado Novo só eram cidadãos legítimos aqueles que possuíssem profissão e sindicato regulamentados. O direito à saúde era dado àqueles que, através de seus sindicatos, promovessem atendimento médico. Os "marginais" do sistema produtivo, aqueles que não tivessem profissões regulamentadas e sindicalizadas ou que não possuíssem carteiras de trabalho eram "assistidos" pelos postos e centros de saúde.
O Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estados4(IPASE) foi criado a partir de instituições menores e estava referido a uma clientela característica que variava desde o simples funcionário até os altos escalões dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário federais, grupos estes que já recebiam benefícios do Estado.
O IPASE já pretendia estabelecer sua estrutura médico-hospitalar pelo menos no Distrito Federal, numa posição oposta à do IAPI. O processo de regulamentação do Instituo produziu efeitos concretos sobre a questão da assistência médico-hospitalar no Brasil, embora o processo de instalação do Hospital dos Servidores do Estado só tenha sido efetivado em 1943.).
Em 1950, o projeto de Lei Orgânica da Previdência Social surge como um marco na área do planejamento em saúde. Nele estava previsto a fusão de todos os serviços de assistência médica das Caixas e dos Institutos, com a criação do Serviço de Assistência Médica da Previdência Social (SAMPS).
Entre as décadas de 50 e 60, tentou-se implantar um projeto nacional de desenvolvimento econômico "moderno", integrado à ordem capitalista industrial, porém já estava em crise o regime populista e nacionalista dos anos 50.
As políticas de saúde exprimiam bem a dupla realidade que viviam os brasileiros através da dicotomia institucional que se acentuava: de um lado o modelo campanhista, que chegava a um estágio burocrático e rotineiro, predominante nos órgãos de saúde pública do então Ministério da Educação e Saúde; em oposição, estava o modelo curativista, dominante nos serviços previdenciários de atenção médica, também burocratizados e ineficazes face aos crescentes problemas de saúde das populações urbana e rural"(Luz, 1986.:80).
As elites progressistas reivindicaram então "reformas de base", entre as quais uma reforma sanitária consistente e conseqüente. Contudo, esse grande movimento social ocasionado pela falta de reformas na estrutura das políticas de desenvolvimento industrial nacional e do processo de democratização obteve uma forte reação política das forças sociais conservadoras, culminando como o golpe militar em 1964.
O setor de saúde assumiu as características do capitalismo e, com a reforma da administração Federal de 25/02/ 67 (Decreto- Lei 200), houve uma redefinição na áreas de competência dos ministérios face à saúde (Luz, 1986.:58).
Assim, o discurso médico assistencial privatista consolidou-se progressivamente entre 1968 e 1974, com avanços e recuos através de decretos-lei e programas. O discurso do Estado firmou-se através das instituições, sendo seu aparelho central o INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), o macro-poder institucional, criado em 1967.
Acentuou-se cada vez mais a dicotomia no setor saúde entre a saúde pública (centrada no Ministério da Saúde e seus órgãos) e a atenção médica (centralizada no INPS). O ápice desta predominância aconteceu em 1974 com a criação e organização do (MPAS) Ministério da Previdência e Assistência Social.
A "política do milagre" prejudicou a maioria das categorias mas favoreceu os trabalhadores especializados, técnicos e os empregados nos setores de ponta da economia. A política de saúde coerente com essa política econômica, que preconizava um crescimento acelerado, com elevada taxa de produtividade, passou a considerar a saúde como um bem de consumo médico, difundindo a ideologia do consumo no conjunto da sociedade.
AS ENFERMEIRAS CONTAM SUA HISTÓRIA
Em tomo do Hospital dos Servidores do Estado sempre existiu um imaginário diferenciado em relação aos demais desde sua fundação. Pertencer ao HSE sempre representou motivo de orgulho para os profissionais não só da área de saúde. A opção pela construção do prédio na zona portuária do Rio de Janeiro também contribuiu para a elaboração desse imaginário.
A instabilidade das relações políticas no âmbito internacional, na época, foi um fator que durante as entrevistas surgiu como justificativa para a escolha do local de construção, ...''Precisaríamos de agilidade e rapidez no atendimento aos feridos, "um motivo bastante convincente uma vez que o início das obras aconteceu em 1943, em plena II Guerra Mundial."
1. RECONSTRUINDO O INÍCIO
... "Getúlio imaginou o Hospital ali onde ele está porque os navios-hospitais viriam com os feridos e, ao ancorar, as macas passariam por um túnel subterrâneo igual aquele do Pavilhão de Aulas da Anna Nery*, e esse túnel, que eu saiba nunca foi concretizado...
Por ocasião da fundação do HSE, foram recrutadas enfermeiras oriundas das diversas escolas brasileiras de Enfermagem, predominando, naturalmente, as das escola do Rio de Janeiro -Anna Nery e Cruz Vermelha. "(Dep.O2). "Em 1946, quando Dutra foi eleito Presidente do Brasil, eles aceleraram aquele esqueleto de edifício para inaugurar como um hospital para os servidores civis da União." (Dep. 03)... "hospital foi inaugurado em 28 de outubro de 1947 (Dia do Funcionário Público). Compareceram à cerimônia diversas autoridades: O Presidente da República (General Eurico Gaspar Dutra), o Vice-Presidente (Sr. Nereu Ramos, todos os Ministros de Estado, Cardeal (Dom Jaime de Barros Câmara), os Presidentes do Senado e da Câmara Federal, o Prefeito da Cidade, todos os membros do Gabinete Civil da Presidência da República (JB,1947:07)..." "Na inauguração, houve uma solenidade ali no hall de entrada do Hospital, primeiro o Hino Nacional, ali no palco havia ma entrada que agora está toda modificada, houve o hasteamento da Bandeira Nacional, descerramento da placa de bronze sobre a inauguração que está à direita de quem entra na portaria... O primeiro grupo de "Nurses" era pequeno e eu estava muito bonita! meias brancas eu usava, o hospital admitiu cerca de duzentos auxiliares de enfermagem. No início era um hospital de pequeno porte com cento e poucos leitos, depois com a inauguração de tudo, chegamos, acho, aos oitocentos leitos mais ou menos." (Dep. 02)
2. O JEITO DE SER ENFERMEIRA
"... Independente das ideologias que constituíram sua formação profissional, as mulheres que optaram pela profissão de enfermeira adotaram algumas atitudes que se tornaram sua marca registrada. Postura elegante, disciplina, rigor na qualidade e execução de técnicas, criatividade, responsabilidade. As enfermeiras do HSE se distinguiam das demais categorias da área de saúde, desde sua aparência física, com seus uniformes completamente brancos (vestidos, meias e sapatos), com a célebre touca de friso azul marinho que indicava nossa posição na equipe de enfermagem" (Dep.06) ... "Os cabelos eram presos por rede e o uso de anéis, colares e brincos não era permitido... A observância à hierarquia e o cumprimento às normas e regulamentos tanto da profissão quanto do HSE resultavam em respeito, consideração e confiança por parte dos médicos, demais funcionários e pacientes... A soma de todos esses atributos valorizava sobremaneira a classe" (Dep.O2)... "O ex-IPASE contribuiu muito com cursos variados para o aprimoramento profissional das enfermeiras... Os Congressos de Enfermagem dão oportunidade para aquisição de novos conhecimento. As semanas de Enfermagem do HSE eram programadas e prestigiadas com a presença de autoridade e apresentação de vários trabalhos de pesquisa" (Dep.O3)... "o padrão da assistência prestada pelas enfermeiras do "Servidores" era., digamos muito bom para não ficar "pedante". A enfermagem era portanto de qualidade embora ainda não se falasse nessa época em qualidade total" (Dep. 10).
3. DISCIPLINA
..."Nós éramos rigidamente tratadas, mas ninguém era perseguida porque todo mundo cumpria seu dever"(Dep.O3)... "A enfermeira não pode sair de casa de uniforme... acontece o seguinte, a infecção vem de que? Muitas enfermeiros e auxiliares de enfermagem saem daqui e vão para outro hospital e de lá vêm com o mesmo uniforme, e aí pode se instalar o que? a infecção"(Dep.01)... "quando você entra no Hospital dos Servidores você sabia quem era quem, a enfermeira, o auxiliar de enfermagem, o médico, era padronizado: o paciente sabia com quem ela estava falando... hoje em dia ninguém sabe... não tem mais uniforme, todo mundo usa branco, calça comprida, saia, qualquer tipo de roupa"(Dep.04) ... "Apesar de vários boatos que ocorriam pelo hospital sobre a autocracia, principalmente dos dirigentes maiores, não conseguia me sentir oprimida, uma coisa era certa, todas as medidas eram para todos, sem distinção. Não sei se por medo ou respeito, dificilmente se observava posturas não condizentes dentro do espaço hospitalar... Havia pouca falta de funcionário para os plantões, ganhava-se bem e para a maioria o HSE não era cabide de emprego. Até quando precisava dobrar o serviço por um motivo justo, não havia maiores problemas. A impressão que me passava era a da co-responsabilidade de todos. A consciência profissional era muito alta; ninguém abandonava o setor sozinho, aguardava-se a equipe substituta para a passagem do plantão"(Dep.06)... Desde que entrei no HSE em 1961 até minha saída em 1981, a passagem de plantão em todos os turnos fazia parte da assistência: toda a equipe de enfermagem participava desta passagem."(Dep. 10)
4. AS ATIVIDADES
... "As enfermeiras prepararam em 1959 um grupo de trezentos e cinqüenta auxiliares sem certificado para o concurso de reclassificação do serviço público federal. Desenvolveram um projeto de alfabetização para as crianças que ficavam longos períodos internadas na pediatria, pois naquele tempo a mães não podiam permanecer com as crianças. Elaboraram diversos cursos: onde eram oferecidos conhecimentos de enfermagem na família para os funcionários administrativos; Curso de Especialização em Unidade de Terapia Intensiva. Editaram um Manual de Orientação que possuía roteiros, rotinas, normas, fluxogramas, um trabalho feito em conjunto com todas as enfermeiras chefes de unidades. Livro: Enfermagem Moderna Unidade de Terapia Intensiva; Manual de Procedimentos da CCV (Cirurgia cardiovascular); Manual para Orientação a Pacientes candidatos a Cirurgia Cardíaca. Participaram do Planejamento, organização e instalação do Serviço de Enfermagem do Hospital dos Servidores de Brasília (Hospital Presidente Médici) inaugurado em 1972" (Dep.05)... "Coordenaram o núcleo central para o desenvolvimento do Projeto Larga-Escala que funcionava na Escola de Auxiliares de Enfermagem do HSE. Fomos precursoras da Residência em Enfermagem do INAMPS " (Dep.10). Eram responsáveis pelo treinamento das atendestes de enfermagem e dos instrumentadores cirúrgicos. "... que durante muitos anos atuaram no centro cirúrgico onde erram realizadas 80 a 100 cirurgias por dia, O curso de instrumentação acabou em 1987 porque o COREN (Conselho Regional de Enfermagem) considerou que o ideal era pegar o auxiliar de enfermagem e treiná-lo para a atuação em centro cirúrgico"(Dep.08). As enfermeiras do Hospital dos Servidores do Estado organizaram, na década de 80, a Escola de Auxiliares de Enfermagem do HSE, que funciona em um dos anexos do Hospital e em outras instituições. "Em 1961, as enfermeiras do Hospital dos Servidores do Estado eram as estrelas maiores da Enfermagem daquele tempo... Nessa época não tínhamos todos o material descartável, a única coisa descartável era a sonda vesical. Nós tínhamos que saber como preparar tudo para que ficasse em condições de uso junto aos pacientes " ( Dep. 09)... "A assistência aos clientes era a prioridade, não se justifica a fila de tratamento ou de exames"(Dep. 06).
5. AS TÉCNICAS
"E verdade que não dispúnhamos das técnicas e recursos modernos que facilitam as atividades de enfermagem como: material descartável, soluções antissépticas apropriadas e outras tecnologias mais avançadas... trabalhavamos com os parcos recursos que dispúnhamos à época, onde era feita em água em ebulição e depois conservadas com pastilhas de formol em caixas metálicas vedadas.... O formol em sua forma líquida também era utilizado para esterilizar ambientes; as enfermarias permaneciam fechadas durante um período não inferior a 24 horas dependendo da situação... as sondas para cateterismo eram utilizadas em solução preparadas por nós com um comprimido de oxianureto de mercúrio dissolvido em água, esse tipo de solução não amolecia a borracha da sonda e antes de ser utilizada, a mesma era lavada em água esterilizada. Preparavamos o material para ficar em condições de uso: Pedra-pomes para amolar biséis; Água oxigenada para desentupir agulhas; nós construímos: Equipos de micro-gotas com seringas de 50ml, borrachas de látex e gaze; Coletores de urina com vidros de diálise peritoneal; Aparelhos para exercícios respiratórios com vidros de soro... Os autoclaves trabalhavam com dióxido de etileno para esterilizar plásticos, borrachas e tecidos, mas para que o material fosse manipulado era preciso esperar 72 horas, devido à alta toxidade do gás... Podemos observar que em decorrência da utilização dessas substancias cuja eficiência e eficácia ainda estavam sendo testadas, estávamos na década de 50; tivemos vários problemas com choques pirogénicos,... os equipos de soro também eram esterilizados com oxianureto de mercúrio e mesmo após a lavagem com água estéril, algumas partículas permaneciam e provocavam os problemas que citamos... Apesar de todo esse quadro, o HSE não apresentava índices assustadores de infecção cruzada que é o pavor dos hospitais atuais" (Dep.03)... "O material para a prestação de assistência de enfermagem como: baldes, bacias, comadres, jarras, vidrarias eram em quantidades suficientes para a manutenção da atividades durante o plantão; os esterilizados eram procedentes do Centro de Material e devolvidos após a utilização ou ao final da tarde, após serem lavados e limpos... Possuímos seringas de vidro para utilização arterial e para alguma necessidade do uso do catéter Swan Ganz, alimentação e medicações em geral; as seringas de plástico ainda eram utilizadas com freqüência relativa" (Dep. 06)... "A experiência de fazer parte da equipe do "rim artificial" era a maior novidade para mim. O rim era o único no Brasil, o Kolf havia vindo da Holanda. Participei também da primeira diálise peritonial feita no Brasil, foram 24 horas ininterruptas cuidando do doente: tudo era novidade" (Dep. 10)
6. NOVO PERFIL
... Em todas as fases que foram descritas neste estudo, observamos que as enfermeiras trazem viva na memória as imagens de tempo onde o respeito, a disciplina e hierarquia eram destaques no relacionamento da equipe. Esses elementos, no entanto, servem como mecanismo de controle do corpo e da mente, desestimulando muitas vezes a participação do indivíduo nas questões mais polêmicas como acontece com as de fundo político... "Nas questões políticas do hospital nunca me envolvi... Acho muito importante as técnicas, a prática, mas a formação ético-profissional tem que ser vista" (Dep.01)... "Quando o INAMPS chegou a coisa foi ficando ruim, não entregavam material suficiente porque era uma forma de pressionar a saída do Diretor e sua equipe que ainda apresentavam resistência às mudanças impostas pelos novo sistema... A pressão política sobre os dirigentes do hospital era exercida de todas as formas possíveis: material, pessoal e principalmente financeira, as verbas não chegavam para cobrir as despesas" (Dep. 09)... "Assim, quando a diretoria se retirou do hospital, eu também o fiz e nunca mais voltei lá. Não dava para continuar vendo o que estavam fazendo com tudo o que havíamos construído " (Dep. 01 )
Com o passar dos anos, as mudanças na sociedade em relação às condições do mercado de trabalho, da posição alcançada pelas mulheres nesse ambiente e os reflexos das transformações impostas pelo Governo nas diferentes áreas, a saber, econômica-política-social, foram determinantes para as mudanças na postura profissional do grupo e na própria estrutura da Instituição quanto à qualidade da prestação da assistência de Enfermagem, surgindo então um novo perfil... "Na década de 80, começou a haver novamente movimentos políticos e os profissionais começaram a participar... Descobrimos que além de lutar por melhores salários, eles se preocupavam com melhores condições de trabalho " (Dep.07)... "Na minha opinião o enfermeiro não se posiciona mais como um líder, a maneira de falar, a abordagem, perdeu-se muito... claro que toda a regra tem exceção... As pessoas falam muito que a enfermeira se tornou fria, quem lida com doente não pode ser fria, essa palavra "fria" diz bem o que é, na medida em que fica insensível, não entende seu paciente, seu funcionário e não entende o próprio serviço... De repente estamos tendo apenas nossa formação na área da prática das técnicas. A formação emocional, psicológica e ética está sendo vista em segundo plano; quem lida com gente não pode ter só formação técnica, não pode porque não lidamos só com gente no aspecto paciente, tem o funcionário, tem o médico e cada uma dessas categorias é diferente, cada pessoa é diferente, cada um é uma individualidade... O declínio do nível de assistência não é atribuído somente à falta de pessoal e material, está relacionada também a formação do enfermeiro nas Universidades "( Dep. 04 ).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
"A analogia do tempo talvez sugira excessiva certeza do resultado, mas coloca bem em relevo o modo pelo qual, embora alguns aspectos do ciclo vital se repetissem constantemente, a experiência e as oportunidades de cada geração diferiam acentuadamente... A história oral pode ser utilizada para alterar o enfoque da própria história e revelar novos campos de investigação; pode devolver às pessoas que fizeram e vivenciaram a história um lugar fundamental, mediante suas próprias palavras. " Paul Thompsom
A lembrança do tempo em que as enfermeiras, principalmente as mais idosas, estiveram em atividades no Hospital dos Servidores do Estado e o modo como enfrentaram os problemas e conflitos profissionais, advindos muitas vezes de sua condição feminina, permitiram que escrevessemos passagens sobre os aspectos da disciplina no trabalho, do desenvolvimento e da aplicação de técnicas, assuntos estes intimamente ligados à formação detalhista das enfermeiras e que as tornava símbolo da eficiência e do trabalho qualificado.
Protagonistas de um contexto ímpar na construção do pensamento de saúde no Brasil na década de 1940, esmeraram-se em buscar na memória acontecimentos que pudessem contribuir na escrita dessa história.
As relações profissionais tornam-se evidenciadas quando nos deparamos com a clareza das delimitações do comportamento da equipe de Enfermagem, no documento "A Enfermagem no HSE", no qual as normas fixadas eram rígidas e o controle visível, mas a maioria das entrevistadas não se importava com este fato, alegando que a disciplina auxiliava a definição dos papéis. Esta estratégia de saber avançar ou retroceder promoveu o aparecimento do perfil profissional determinante de um modelo de comportamento que perdurou durante muito tempo.
O caminho percorrido por estas mulheres, durante os trinta e três anos que utilizamos como período de estudo, implicou em reflexões sobre o jeito de ser enfermeira.
A primeira reflexão sedimentou a percepção do espaço institucional como campo de lutas; nele as relações de poder estão sempre presentes, pois os confrontos do cotidiano são relações complexas que envolvem ética, poder, saber, compromisso e realizações. Tal como nos mostra Foucault, em seu estudo sobre microfísica do poder, sua determinação parte de dispositivos pelos quais obtemos a sujeição: mecanismos de poder que controlam o corpo minuciosamente, tal qual os gestos, atitudes e discursos constituem uma rede da qual ninguém escapa, pois o poder não é "coisa que se possua, ele é exercido."
A forma pela qual cada uma enfrentou esses conflitos esteve relacionada com a utilização dos recursos, informações e idéias que dispunham no desenvolvimento da prática profissional durante os vários períodos da história política do Brasil. As ações e experiências do passado buscaram de alguma forma estabelecer resoluções que inevitavelmente confrontaram-se com a crescente hegemonia médica.
As mudanças no quadro político do país, no final da década de 70, e as diversas alterações em suas políticas de saúde promoveram a desestabilização do setor e consequentemente alteraram a visão "caridosa" das enfermeiras em pontos de vista mais arrojados, embora permitissem transparecer muitas vezes um determinado tipo de acomodação, que as transformava em simples executoras de tarefas; já podemos observar nesse período algumas mudanças no seu perfil profissional.
Outro aspecto a ser pensado é a resistência dessas mulheres determinando estratégias para enfrentar o poder, porque, a partir do momento em que há uma relação de poder, existe uma possibilidade de resistência que podemos sempre modificar em função de não permitir que aconteça o aprisionamento e a dominação do indivíduo.
A submissão (aparente) descrita em algumas passagens implicaria, então, em uma das formas alternativas de buscar o salto qualitativo do trabalho mediante pequenos saltos quantitativos que sugerissem acomodação frente às funções determinadas pelas normas institucionais.
A história das enfermeiras no HSE mostrou o esforço, muitas vezes individual, para que se eliminasse esse tipo de atitude diante de dificuldades impostas tanto pelo modelo das estruturas políticas e de saúde quanto pelo modelo das escolas de Enfermagem, onde ressaltava-se a mística feminina da profissão, com seus ideais de preservação da "moral e dos bons costumes."
Inseridas desde sua formação em um regime semelhante ao das corporações militares pela sua rigidez: uniforme limpo e impecavelmente passado, sapatos limpos, unhas curtas, touca e rede no cabelo, as enfermeiras representavam o papel de agente da ordem institucional constituindo-se em ameaça menor à autoridade da classe hegemônica.
A cada época, a análise das condições de relacionamento e a conscientização do poder em que se manifestava o saber profissional foi fundamental para que se observasse estas profissionais e com a própria Instituição.
A transformação ou a práxis transformada não é a realização imediata de um projeto ideal, mas supõe a acumulação de forças que Gramsci denomina "política miúda". Dessa forma, a problemática da transformação estaria vinculada às lutas quotidianas.
Não há dúvida sobre o perigo de que as fontes orais utilizadas isoladamente estimulem a ilusão de um passado da época, ou mesmo as pressões invisíveis da mudança econômica e estrutural, uma vez que elas realmente interferem nas lembranças dos homens e mulheres comuns, embora nos auxiliem na compreensão do referido contexto.
Acredito que umas das mais importantes contribuições da História Oral é o fato de nos permitir conhecer a experiência de pessoas ou grupos mediante seus próprios depoimentos. Essa transformação do "objeto" de estudo em "sujeito" contribui para que a história seja mais viva e consequentemente mais verdadeira.
A análise do estudo por sua vez torna-se consideravelmente mais difícil frente aos diversos tipos de informações que são acompanhadas por um novo ângulo de percepção dos acontecimentos. A memória acompanhada pela valorização do trabalho não representa simplesmente uma ideologia saudosista, pois os posicionamentos e as atitudes progressistas assumidas tantas vezes pelas enfermeiras como: a questão da qualidade do ensino que sempre foi muito forte nos depoimentos, a criação de instrumentos para facilitar o procedimento técnico, preocupação e participação na elaboração de mecanismos que valorizassem o profissional enfermeiro e sua equipe, os diversos cursos que desenvolveram, a coordenação da Escola de Auxiliares do HSE, o desenvolvimento de novas técnicas, a preocupação com o processo de trabalho não simplesmente sua tecnologia, mas a experiência de trabalho e aspirações sociais que desta resultam; em todas essas situações, a transmissão dos acontecimentos se fez tal como as narradoras os vivenciaram, junto com suas certezas, dúvidas e angústias.
As enfermeiras dos Hospital dos Servidores do Estado, a despeito das peculiaridades de sua atuação, colaboraram sem dúvida para a expansão do conhecimento atual sobre a história do trabalho das enfermeiras, do próprio hospital e de outras instituições.
Mesmo após seu afastamento, as mais antigas mostraram que ainda representam um grupo diferenciado e coeso, pois criaram a Associação das Enfermeiras Aposentadas do HSE e se reúnem pelo menos uma vez por mês.
Aquelas que ainda trabalham no hospital procuram manter viva na memória a lembrança dos tempos de glória que contribuíram para a formação de mais uma parte da nossa identidade profissional.
Ao finalizar este estudo, esperamos que o resgate da lembrança do que aconteceu ao longo do tempo tenha se transformado numa aventura que trouxe a volta de vozes do passado em suas lutas silenciosas ou não.
BIBLIOGRAFIA
1. AERANTES, Zenay. N. A enfermagem no HSE. Revista Médica do HSE. v. 25, n.4, out./dez., 1973.
2. ALBERTI, Verena. Historia oral: a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas/ Centro de Pesquisa e Documentação de Historia Contemporánea do Brasil, 1990.
3. BARREIRA, leda de A. A Enfermeira Ananéri no " país do Futuro": a aventura da luta contra a tuberculose. Rio de Janeiro: UFRJ, 1992. Tese (Doutorado em Enfermagem).
4. BARROS, Edagrd Luís de. O Brasil de 1945 a 1964. O populismo e a democracia liberal. Os governos de Getúlio, Dutra, JK, Jânio e Jango. As crises políticas e o golpe militar. 3 ed. São Paulo: Contexto, 1992.
5. BOSI, Edléa. Memória e Sociedade. Lembranças de Velho. 3 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
6. BUARQUE, Cristovam. O colapso da modernidade brasileira e uma proposta alternativa. 3 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.
7. BURKE, Peter, (org.) A escrita da história: Novas Perspectivas. Tradução de Magada Lopes. São Paulo: UNES, 1992.
8. CARVALHO, Anayde C. Associação Brasileira de Enfermagem: 1926-1976 -Documentário. Brasília: ABEn, 1976.
9. CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia? São Paulo: Brasiliense, 1993. (Coleção Primeiro Passos).
10. DEMO, Pedro. Cidadania menor. Algumas indicações quantitativas de nossa miséria política. Rio de Janeiro: Vozes, 1982.
11. ______. Metodologia científica em Ciências Sociais. 2 ed. (revista e ampliada) São Paulo: Atlas, 1989.
12. HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. Tradução de Carlos N. Coutinho. 4 ed. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1982.
13. LOYOLA, Cristina Ma. D. Os doceí (s) corpos do hospital. As enfermeiras e o poder institucional na estrutura hospitalar. 2 ed. Rio de Janeiro: UFRJ/PROED, 1987.
14. LUNARDI, Valéria L. Relacionando Enfermagem, gênero e formação disciplinar. Revista Brasileira de Enfermagem, v.46, n.3/4,jul./dez, 1983.
15. LUZ, Madel T. As instituições médicas no Brasil: instituição e estratégia de hegemonia. 3 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1986.
16. BRASIL, Ministério da Saúde/SESP. Enfermagem. Leis, decretos e portarias. Incorporação da EEAN à Universidade. 2 ed. 1959.
17. MOREIRA, Almerinda. Escola de Enfermagem Alfredo Pinto. 100 anos de história. Rio de Janeiro: UNI-RIO. Dissertação de mestrado, 1990. v. 1. (Mimeo)
18. SANTOS, G. Wanderley. Cidadania e Justiça. 3 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
19. SILVA,GracieteB. Enfermagem Profissional: análise crítica. São Paulo: Ed. Cortez
20. THOMPSON p. A voz do passado. História oral. Tradução de Lólio L. de Oliveira.São Paulo: Paz e Terra, 1992.
1. Prêmio "A Lâmpada" concedido pelo NUPHEBRAS por ocasião do 3º Pesquisando em Enfermagem, de 14 a 16-05-1996 - Colocação 1° lugar
2. PRAXIS - Do termo grego PRÁXIS, significa um modo de agir no qual o agente, sua ação e o produto de sua ação são termos intrínsecamente ligados e dependentes uns dos outros, não sendo possível separá-los.
3. Servidores do Estado entendidos como funcionários públicos da União.
4. No pavilhão de aulas da Escola de Enfermagem Anna Nery (PA) localizado na Praça Onze, bairro do Rio de Janeiro, existe um túnel subterrâneo que liga o PA ao Hospital São Francisco de Assis. Era utilizado até a década de 80 como passagem, para que as alunas não tivessem contato com a zona de meretrício que ficava localizada justamtente nas cercanias da Escola.
5. "A Lâmpada" first prize winner, awarded by NUPHEBRAS during the event "3º Pesquisando em Enfermagem, held on May 14-16, 1996.