Volume 6, Número 1, Jan/Abr - 2002
ARTIGOS DE PESQUISA
Transoperatório de cirurgia cardíaca: atuação dos auxiliares de enfermagem
Trans - surgery period of heart surgery: the nursing team actions
Transoperatorio de cirugia cardíaca: actuación de los auxiliares de enfermería
Paulo José de AndradeI; Deyse Conceição SantoroII
IMestrando pela EEAN/UFRJ. Chefe da Divisão de Enfermagem do Instituto Nacional de cardiologia Laranjeiras. Coordenador da Comissão de Centro Cirúrgico do Sociedade Brasileira de Enfermagem Cardiovascular-SOBENC/RJ
IIDoutora em Enfermagem. Professora Adjunto de Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da EEAN/UFRJ. Chefe de Departamento. Diretora Científica da Sociedade Brasileira de Enfermagem Cardiovascular-SOBENC/RJ
RESUMO
O presente estudo demonstrou a importância da atuação dos auxiliares de enfermagem no centro cirúrgico, com atuação específica no transoperatório de cirurgia cardíaca. O objetivo foi traçar um panorama desses profissionais atuando em salas de operações e sua avaliação sobre seu trabalho para a recuperação dos pacientes submetidos a esse tipo de cirurgia. Trata-se de um estudo descritivo com aplicação de um questionário para 17 auxiliares de enfermagem. Dados quantitativos serviram de subsídios para uma análise qualitativa. Concluiu-se que o trabalho é gratificante quando em relação à recuperação dos pacientes e frustrante quando em relação ao insucesso do procedimento cirúrgico, sendo considerado de grande importância a atuação desses profissionais nas salas de operações, assim como a presença constante do enfermeiro. Os padrões éticos entre os profissionais foram de fundamental importância e o trabalho sempre reconhecido por toda a equipe multiprofissional. Com o avanço da cirurgia cardíaca há cada vez mais necessidade do envolvimento de profissionais que atuem na assistência de enfermagem transoperatória.
Palavras-chave: Cirurgia cardíaca. Auxiliares de enfermagem. Centro cirúrgico.
ABSTRACT
The study showed the importance of the performance of the nursing professional in the surgical center, specifically during the heart surgery. The purpose was to trace a panorama of these professionals working in the operation room and their evaluation on their work for the recovery of the patients submitted to this type of surgery. It's a descriptive study with an application of a questionnaires to 17 professionals. Quantitative data was used as tool for a qualitative analysis. It was concluded that the job is very rewarding when the patient recovers successfully and frustrating when the surgical procedure fails, being considered crucial the presence of these professionals as well as the nurse's in the operation rooms. More professionals in operating assistance are needed as the heart surgery procedure advances.
Keywords: Heart surgery. Team of nursing. Nursing surgery center.
RESUMEN
El presente estudio demostró la importancia de la actuación del profesional de enfermería en el quirófano, específicamente en el transoperatorio de cirugía cardíaca. El objetivo fue trazar un panorama de esos profesionales actuando en salas de cirugía y la evaluación sobre su trabajo para la recuperación de los pacientes sometidos a este tipo de cirugía. Se trata de un estudio descriptivo donde se aplica un cuestionario para 17 auxiliares de enfermería. Los datos cuantitativos sirvieron de subsidio para un análisis cualitativo. Se concluyó que el trabajo es gratificante en cuanto a la recuperación del paciente y frustrante en relación al fracaso del procedimiento quirúrgico, considerando de gran importancia la actuación de estos profesionales en las salas de cirugía, como también la presencia constante de la enfermera. Los patrones éticos entre los profesionales fueron de importancia fundamental y el trabajo siempre fue reconocido por todo el equipo multiprofesional. Con el avance de la cirugía cardíaca hay cada vez más necesidad de envolvimiento de los profesionales que actúan en la asistencia de enfermería transoperatoria.
Palabras claves: Cirugía cardiaca. Auxiliares de enfermería. Servicio de cirugía hospitalar.
INTRODUÇÃO
O centro cirúrgico tem sido considerado uma área de tensão no campo emocional, em virtude das agressões motivadas pela falta de estabilidade decorrente de imprevistos, tais como cortes repentinos de energia elétrica ou água, atraso do cirurgião ou anestesista, falta de material, ou ainda quando há uma mudança de conduta na cirurgia (SILVA, 1982).
A organização da unidade de centro cirúrgico, em especial o da cirurgia cardíaca, é a função administrativa que se incumbe do agrupamento de recursos materiais e humanos, os quais devem estar sob a supervisão e orientação do enfermeiro. É responsável, também, pelo agrupamento de atividades necessárias para que a Instituição possa alcançar os seus objetivos (CHIAVENATO, 1989).
Quando se direciona essa organização para o âmbito do centro cirúrgico especializado como o da cirurgia cardíaca, deve-se conjugar esforços no trabalho em equipe, visando alcançar os objetivos propostos. Portanto, a utilização de instrumentos administrativos, como o regulamento da unidade e o manual de rotinas e procedimentos, é muito importante, pois norteiam o funcionamento da unidade e possibilitam maior eficiência no relacionamento das equipes que aí atuam, além de contribuírem para a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem.
É importante ressaltar a interação entre as equipes, pois constitui fator relevante na operacionalização do trabalho e nas tomadas de decisões quando é necessário.
Esse centro cirúrgico especializado tem como principal objetivo atender, da melhor forma possível, o paciente que será submetido a cirurgia cardíaca de pequeno ou grande porte, eletiva ou de urgência, dando-lhe todas as condições de atendimento durante o ato cirúrgico.
Na sala de cirurgia cardíaca, os pacientes sofrem agressão a sua integridade física através dos procedimentos cirúrgicos que, em contrapartida, proporcionam uma nova expectativa de vida aos que a eles se submetem.
O ato cirúrgico é uma especialidade da medicina que consiste em operação realizada com as mãos, contando com a ajuda de instrumentos, com a finalidade de cura terapêutica ou estética (MOURA, 2000, p.11). No centro cirúrgico, afirma o autor (op. cit.) que as atividades exigem estado de alerta permanente, pois em segundos decide-se sobre a vida do paciente, não só nas cirurgias emergenciais como também nas eletivas, principalmente no caso da cirurgias cardíacas.
A equipe de enfermagem que atua no centro cirúrgico da cirurgia cardíaca é composta por pessoas de vários níveis, com responsabilidades diferentes.
A quantidade desse pessoal varia conforme a complexidade da cirurgia e volume do trabalho na sala de operações, geralmente composta por enfermeiros e auxiliares de enfermagem que geralmente exercem suas atividades como circulantes de sala, instrumentador, auxiliar de anestesia ou de perfusão.
As atividades desenvolvidas pelos auxiliares de enfermagem como circulantes de sala de operações, antes, durante e após o ato cirúrgico tem como objetivos principais, oferecer e assegurar condições funcionais e técnicas adequadas, não só ao paciente como também a toda a equipe envolvida no procedimento cirúrgico.
As atividades desses profissionais são iniciadas antes da chegada do paciente na sala de operações e só terminam após a saída do mesmo para o pós-operatório.
Os auxiliares de enfermagem, no centro cirúrgico especializado, são responsáveis por prover e manter o estoque de materiais, manter os equipamentos em boas condições de uso, manter as condições de desinfecção e limpeza do ambiente. Essas medidas são responsáveis para que o funcionamento da sala de operações seja dinâmico e harmonioso ( SILVA et al., 1997).
Todos os elementos da equipe de enfermagem devem desenvolver trabalho de colaboração constante com a equipe cirúrgica e de anestesia para que o ato cirúrgico seja seguro para o paciente que será submetido a cirurgia cardíaca, estando conscientes de suas atribuições como membros responsáveis pelo êxito do ato operatório.
O estudo em questão foi realizado para que pudesse ser avaliado e refletido o trabalho exercido pelos auxiliares de enfermagem que atuam como circulantes ou instrumentadores nas salas de cirurgia cardíaca, envolvidos com a prática da assistência de enfermagem transoperatória, tendo como objetivos:
Determinar a percepção dos auxiliares de enfermagem em relação as suas atividades desenvolvidas como circulantes de sala de operações na cirurgia cardíaca.
Analisar a percepção dos auxiliares de enfermagem em relação às suas atividades desenvolvidas como circulantes de sala de operações na cirurgia cardíaca.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, que se utilizou de subsídios quantitativos para uma análise qualitativa dos dados classificados em áreas temáticas a partir das respostas obtidas por meio de um questionário.
Este estudo foi realizado no centro cirúrgico de um Instituto especializado em cirurgia cardíaca, no Rio de Janeiro. O Instituto possui uma capacidade para 200 (duzentos) leitos. Localizando-se no 11º andar, o centro cirúrgico possui 5 (cinco) salas de cirurgia cardíaca, tendo somente 3 (três) em funcionamento no período de realização da pesquisa de campo. Possui também uma sala especial para preparação das bombas de circulação extracorpórea.
Nesse Instituto, são realizadas em média 100 procedimentos cirúrgicos mensais sendo 60 em adultos e 40 em crianças. Os procedimentos são variados desde as correções de anomalias congênitas à implantação de próteses valvulares e revascularização do miocárdio. No entanto, no momento atual não são feitos transplantes cardíacos estando o serviço em fase de organização e implantação.
A população do estudo constituiu-se de 17 (dezessete) auxiliares de enfermagem lotados no centro cirúrgico exercendo suas atividades como circulantes de salas de operações, instrumentadores, auxiliares de anestesia e perfusão. Os auxiliares, de ambos os sexos, exercem suas atividades em regime de plantões 12 x 36 no período diurno ou noturno e dois trabalham também no centro de material esterilizado. Todos aceitaram preencher os questionários, contribuindo para a pesquisa após autorização da chefia da Divisão de Enfermagem e da chefia do Centro Cirúrgico, seguindo a resolução 196/96 que diz respeito à pesquisa realizada com seres humanos. O questionário foi respondido individualmente no plantão conforme a disponibilidade de cada um.
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Os dados foram coletados e em seguida analisados em números absolutos conforme demonstrado nos quadros e tabelas a seguir.
A equipe é composta de auxiliares de variadas idades e na sua maioria entre 30 a 60 anos e deste grupo a maior parte é do sexo feminino. Isso mostra que, apesar das atividades exercidas nas salas de cirurgia cardíaca serem consideradas estressantes e trabalhosas, são exercidas por profissionais com mais idade e, portanto, mais sujeitos aos efeitos deletérios desse tipo de trabalho, conforme o Quadro I. Cabe ressaltar que dois auxiliares trabalham na central de material esterilizado e no centro cirúrgico ao mesmo tempo apesar da desvinculação das duas unidades.
Quadro 1 - Clique para ampliar
O estudo também permitiu perceber a relevância referente à escolaridade e à distribuição desses profissionais quanto ao tempo de atuação, variando de menos de 5 anos até acima de 10 anos, conforme o Quadro II.
Quadro 2 - Clique para ampliar
A partir dos resultados obtidos através do questionário, foi possível tecer comentários sobre a percepção dos profissionais de enfermagem do centro cirúrgico (auxiliares de enfermagem) em relação às razões que os levaram a trabalhar nesse setor, assim como o conhecimento prévio sobre as atividades de circulante de sala quando admitidos.
Vale ressaltar que a qualidade do serviço pode ser demonstrada e assegurada mediante um conhecimento teórico-prático adquirido durante todo o período de atuação.
É comum ocorrer uma espécie de rodízio de atividades e escalas variáveis de serviço no centro cirúrgico, sendo comum perceber um certo descontentamento por parte de alguns auxiliares, pois, segundo eles, pode comprometer a segurança e eficácia do trabalho.
Nesses termos, podemos dizer que, dos 17 (dezessete) auxiliares de enfermagem, 12 (doze) foram lotados, sem necessariamente haver possibilidade de escolha para atuar nesse setor e apenas 5 (cinco) foram convidados. Quanto ao conhecimento prévio das funções a desempenhar, ressalta-se os 09 (nove) que responderam tê-lo desde o momento da admissão no centro cirúrgico e 5 (cinco) que não tinham nenhum conhecimento do trabalho. Podemos correlacionar este fato à lotação imposta, por razões variadas, que implica na atuação de profissionais em setor especializado sem treinamento e conhecimento prévio, o que pode acarretar comprometimento do trabalho.
Segundo o Diesat (1989, p. 36), a desqualificação faz com que cada trabalhador passe a ser facilmente substituído, desvalorizando o trabalho. Isso porque, juntamente com o parcelamento do trabalho, ocorre o parcelamento do corpo do trabalhador.
Isso é demonstrado também no Quadro II, quando observamos que 4 (quatro) profissionais têm menos de 1 ano de atividades no setor.
Em relação às dificuldades encontradas como circulante de sala de operações, vários fatores foram apontados, tendo maior relevância a falta de experiência e a falta de material. Apenas 5 (cinco) afirmaram não ter nenhuma dificuldade no desempenho de suas atividades, como apresentado a seguir:
Falta de experiência / treinamento - 4
Dificuldade em manusear aparelhos 1
Nenhuma dificuldade-5
Adaptação a setor fechado-1
Conviver com a falta de material-5
Quantidade insuficiente de recursos humanos-2
Esses dados confirmam os comentários anteriores que dizem respeito ao grupo que não apresenta conhecimento prévio, acrescendo-se de um fator importante que é a questão da falta de recursos materiais.
A fase de transoperatório é crítica e requer atenção e vigilância constantes, pois é nela que podem ocorrer complicações conseqüentes à ação depressora das drogas anestésicas sobre o sistema nervoso e ao próprio ato cirúrgico. A seleção e o treinamento de pessoal são condições imprescindíveis para o êxito das atividades desempenhadas na unidade do centro cirúrgico.
É importante salientar que o paciente sofre um impacto ao se deparar com o ambiente do centro cirúrgico. Por isso, a equipe de enfermagem deve estar atenta ao aspecto humano do atendimento, reconhecendo que suas atividades são desenvolvidas em função da assistência ao paciente.
Kurcgant (1991, p. 76) ressalta a importância do enfermeiro estar atento à qualidade do material utilizado e a quantidade satisfatória, com o objetivo de minimizar o risco para o paciente e evitar a descontinuidade da assistência.
Quanto aos aspectos positivos e negativos referentes às atividades de circulante de sala, foram mencionados:
A contribuição do seu trabalho para a recuperação dos pacientes-8
Importância do trabalho em equipe-2
Oportunidade para conhecimentos específicos-1
Oportunidade de aumentar o número de cirurgias-1
Sendo estes primeiros citados como aspectos positivos, contrapõem-se a eles, os seguintes aspectos negativos:
Falta de material para o trabalho-6
Complicações cirúrgicas e/ou óbitos-4
Resistência da equipe médica em cumprir as normas-4
Excesso de atividades/cansaço da equipe-3
Segundo Siqueira (1989), a falta de recursos humanos e materiais é a dificuldade mais apontada pelos profissionais que atuam em centro cirúrgico, atribuindo a esse fator o impedimento para o alcance de um atendimento de melhor qualidade, maior probabilidade de erros e/ou complicações durante o transoperatório e desencadeamento de "stress" entre a equipe de enfermagem e demais profissionais, principalmente o cirurgião. Estes resultados mostram que, mesmo com as dificuldades do serviço em relação à falta de material, ao excesso de trabalho e ao aspecto negativo quando ocorre a perda do paciente na S.O., o trabalho é gratificante, pois a recuperação dos pacientes submetidos a cirurgia cardíaca supera outras dificuldades.
Em relação à característica dos circulantes de sala de operação e ao trabalho desenvolvido, todos os profissionais acham muito importante, citando algumas características que os circulantes de sala de operação devem apresentar no desenvolvimento de suas atividades em relação à cirurgia cardíaca e citam:
Devem ter atenção e responsabilidade no trabalho-7
Devem ter ética profissional e postura-10
Devem ser ágeis e dinâmicos-4
Devem trabalhar com espírito de equipe-2
Devem conhecer todo o material usado na S.O.-2
Devem ser seguros no que fazem-2
Devem conhecer a importância da contaminação-1
Ficou caracterizado que os auxiliares de enfermagem acham que as atitudes éticas, a atenção no trabalho e a responsabilidade são características importantes nos profissionais que atuam nas salas de cirurgia cardíaca. O equilíbrio entre a descontração e o respeito entre os profissionais é responsável pela manutenção da segurança e do ambiente harmonioso durante um ato cirúrgico que pode durar mais de 6 horas.
Os auxiliares de enfermagem, circulantes de sala de operações, informaram através de suas respostas que o ENFERMEIRO é um profissional de extrema necessidade e a sua presença na sala de operações é de extrema importância. Para eles, o papel do enfermeiro não é de circular a sala de operações e sim de um orientador, supervisor e também um planejador da assistência prestada.
Segundo (SILVA, 1997, p.21), o planejamento da unidade de centro cirúrgico deve ser de responsabilidade da equipe multiprofissional e elaborado com base nas disposições normativas do Ministério da Saúde (BRASIL, 1994) para que as atividades aí desenvolvidas sejam desempenhadas de modo harmonioso, sincronizado e eficiente, com vistas à segurança dos recursos humanos atuantes e do paciente.
O contingente efetivo de enfermeiros muitas vezes é insuficiente para atuar em todas as cirurgias. Esse fato implica em desdobramento de alguns enfermeiros para dar conta do elevado número de atividades necessárias para atender a programação do mapa operatório, levando ao acúmulo de funções e responsabilidades.
Dados relevantes foram coletados em relação a percepção do reconhecimento do trabalho do circulante, pela equipe, o que caracterizam como positivos e mencionados alguns aspectos:
trabalho é importante para a recuperação dos pacientes-6
trabalho é reconhecido por toda a equipe-13
trabalho colabora para o bom andamento do serviço-3
A circulação da sala de cirurgia cardíaca é abrangente no sentido de que os profissionais atuam de forma diversificada atendendo a várias equipes como: cirurgiões e anestesistas. Segundo Moura (2000, p.34), a equipe de enfermagem deverá entender os diversos aspectos ligados ao procedimento cirúrgico, entre eles, o psicológico, o fisiológico, o social, o legal e o religioso, com a finalidade de atender às necessidades imediatas do paciente, do cirurgião e seus assistentes durante o ato cirúrgico.
Em relação a essas atividades desempenhadas pelo circulante de sala de operações, na cirurgia cardíaca conforme o respondido citamos:
Atuam somente como circulante de sala-5
Atuam também como instrumentador-10
Atuam com a equipe de anestesia-1
Atuam com a equipe de perfusionistas-1
Observamos que nos serviços públicos o quadro de pessoal não dispõe do profissional instrumentador, sendo essa atividade exercida também pelos auxiliares de enfermagem lotados no centro cirúrgico, e em especial o da cirurgia cardíaca.
As atividades referentes à perfusão ainda se restringem a um número muito pequeno de auxiliares de enfermagem. Desse grupo de 17 (dezessete), apenas um auxiliar desenvolve o papel de perfusionista.
As atividades desenvolvidas durante a cirurgia cardíaca são consideradas por muitos estagiários de enfermagem que passam pela S.O. como difícil e complexa por ser uma cirurgia de grande porte e especializada. Perguntamos aos auxiliares de enfermagem do setor como eles vêem o estágio de enfermagem nesse cenário e o que poderiam dizer para os estagiários quando iniciam suas atividades no centro cirúrgico de cirurgia cardíaca. Embora a maioria tenha ressaltado que vê com preocupação, pois os riscos decorrentes das falhas por falta de experiência e excesso de entusiasmo implicam em maior possibilidade de complicações para o paciente, 7 (sete) auxiliares responderam que o estagiário é de grande ajuda quando acompanhado por outro profissional mais experiente, 6 (seis) responderam que precisam de melhor embasamento teórico para diminuir as dificuldades durante o período de estágio e 4 (quatro) responderam que os estagiários deveriam aproveitar a oportunidade dada cumprindo o estágio na cirurgia cardíaca sem medo de errar.
CONCLUSÃO
O auxiliar de enfermagem que atua na cirurgia cardíaca exerce suas atividades como circulante de salas de operações, podendo atuar também como instrumentador.
Além das suas atividades como circulante, alguns atuam nas equipes cirúrgicas, de anestesia e de perfusão (circulação extra-corpórea), o que aumenta bastante a carga de atividades variadas desenvolvidas por eles.
A equipe considera o trabalho extremamente importante, contribuindo para a recuperação dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca. Enfoca pontos positivos: como o transcorrer das cirurgias com sucesso graças ao trabalho em equipe e pontos negativos: como as complicações e os óbitos por conta dos inúmeros riscos envolvidos nesse tipo de cirurgia. Considera, ainda, a falta de material como um fator que dificulta o trabalho no centro cirúrgico.
Os auxiliares de enfermagem caracterizam a ética profissional como fator importante para os profissionais que atuam na cirurgia cardíaca no período transoperatório, visto a necessidade do trabalho harmonioso entre os vários membros da equipe. De forma geral, também afirmam que a presença do enfermeiro nas salas de operações é necessária sempre, sendo seu trabalho reconhecido pela equipe multiprofissional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Portaria nº 1884, de novembro de 1994. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 15 dez. 1994. Seção 1,p. 19523-550.
CHIAVENATO, I.. Iniciação à administração geral. São Paulo: McGraw - Hill, 1989.
GERMANO, R. M. A ética e o ensino de ética na enfermagem do Brasil. São Paulo: Cortez, 1993.
KURCGANT, Paulina (coord.). Administração em enfermagem. São Paulo: EPU, 1991.
MOURA, M. L. P. A., Enfermagem em centro cirúrgico e recuperação Pós Anestésica, 5. ed. São Paulo: SENAC. São Paulo, 2000.
PIRES, Denise. Hegemonia médica na saúde e a enfermagem. São Paulo: Cortez, p. 156, 1989.
SALZANO, S. D. T. ; SILVA, A.. Atividades desenvolvidas nas unidades de internação relacionadas com o centro de material esterilizado. periódico, São Paulo, v. 6, n. 4, p. 140 - 145, out/dez. 1986.
SILVA, M. D'A. A.; RODRIGUES, A. L.; CEZARETTE, I. U. R.. Enfermagem na unidade de centro cirúrgico. 2. ed. Revista e Ampl. São Paulo: EPU, 1997.
SILVA, M. D'A. A.; RODRIGUES, L.A.; CEZARETTE, I. U. R.. Enfermagem na Unidade de Centro Cirúrgico. São Paulo: EPU/EDUSP, Cap. 1 e 2, p 21 a 50. 1997.
SILVA, Maria Aparecida Andrade. Enfermagem na unidade de centro cirúrgico. São Paulo: EPU, 1982.
SIQUEIRA, H. M. A enfermagem no Centro Cirúrgico. São Paulo: EPU, 1989.