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Volume 9, Número 2, Abr/Jun - 2005

RESUMO DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

 

Alcoólatra, sim; bêbado, não: representações sociais de alcoolistas abstêmios sobre o alcoolismo1

 

 

Sílvio Éder Dias da SilvaI; Maria José de SouzaII

IUFPA / Belém-PA e-mail: silvioeder2003@yahoo.com.br
IIEEAN / UFRJ / Rio de Janeiro-RJ e-mail: zeze@netfly.com.br

 

 

Esta pesquisa trata das representações sociais de alcoolistas abstêmios sobre o alcoolismo. A abordagem foi do tipo qualitativa-descritiva, tendo como suporte teórico os conceitos de conhecimento consensual e reificado da Teoria das Representações Sociais, segundo Moscovici1 e Jodelet2. Para obtenção das informações foi utilizada a técnica de associação livre de palavras e a entrevista semi-estruturada que foram aplicadas a dezessete alcoolistas que freqüentam as reuniões do Alcoólicos Anônimos (A. A.) em Belém do Pará. Para proceder a análise optou-se pela técnica de Análise Temática de Bardin3, tendo como resultado dessa análise três unidades temáticas, assim denominadas: O despertar por meio da dor - o sentimento como possibilidade de mudança de atitude; Alcoolismo - uma doença progressiva, incurável e com terminações fatais e Alcoólatra, sim; bêbado, não. Os resultados apontaram os sentimentos dolorosos vivenciados pela dependência do álcool como agentes detonadores para a reabilitação, pois as reações e os sofrimentos causados pela bebida alcoólica em suas vidas, permitiram aos sujeitos do estudo entender que a sua forma de beber era diferente dos demais membros do meio social e trazia problemas no âmbito biológico, psicológico, emocional e espiritual para si e para seu grupo social. Por tal motivo, decidem procurar ajuda para uma doença, ainda não inserida no seu cognitivo. A filosofia do A. A. favoreceu a emergência de uma nova representação do alcoolismo que passa a ser compreendido como uma doença, e não mais como um prazer social. Esta nova representação social teve seu surgimento possibilitado por meio de três sistemas: a difusão, a propagação e a propaganda, que contribuíram para edificação de novas condutas pelo grupo, no que se refere respectivamente: a opinião, a atitude e ao estereótipo. Nas reuniões do A.A. ocorre a difusão do alcoolismo como doença entre os integrantes do grupo, o que foi relevante para formação de uma nova opinião que era contra o uso do álcool, pois o mesmo era responsável por todo malefício ocasionada ao seu usuário. Na fase de propagação a emergência do conhecimento consensual do álcool como agente causador do alcoolismo contribuiu para uma mudança de atitude que culminou no fim do comportamento de beber de forma excessiva. Já na propaganda esta nova forma de comunicação difundida no A.A. favoreceu a formação de um novo estereótipo - a do Alcoólatra abstêmio em substituição ao do bêbado, pois se consideravam alcoólatras pelo fato de serem portadores do alcoolismo, porém devido não mais fazerem uso do álcool não se percebiam mais como bêbados. A formação deste novo paradigma contribui para obtenção e manutenção da abstinência.

Palavras-chaves: Enfermagem. Alcoolismo. Alcoólicos Anônimos. Bebidas Alcoólicas.

 

REFERÊNCIAS

1. Moscovici S. Representação social da psicanálise. Rio de Janeiro(RJ): Zahar; 1978.

2. Jodelet D, organizador. As representações sociais. Rio de Janeiro(RJ): Ed. UERJ; 2001.

3. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Ed 70; 1977.

 

NOTA

1Dissertação de Mestrado defendida em junho de 2003 na Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ. Apoio finaceiro CNPq.

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