Volume 12, Número 3, Jul/Set - 2008
EDITORIAL
Consumo de pesquisa, saúde intelectual e retorno social em reflexão sobre a prática da enfermagem
Jaqueline Da SilvaI
IPhD em Enfermagem Gerontológica pela University of California, San Francisco. Pós-Doutoranda pela Organização dos Estados Americanos (OEA/CICAD) e Universidade de Toronto (UT/CAMH). Enfermeira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN), Depar tamento de Enfermagem Médico- Cirúrgica (DEMC), Núcleo de Pesquisa em Enfermagem Hospitalar (NUPENH). Enfermeira Pesquisadora e Professora Colaboradora do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN)
No contexto de ciência e tecnologia do século XXI, para ser enfermeiro é preciso mais do que o desejo, uma vez que determinadas qualidades e atributos específicos, dentre eles o de ser consumidor de pesquisa, tornaram-se mister ao exercício profissional qualificado. Por tanto, independente do contexto de sua prática, hoje o profissional de enfermagem é responsável não só pelo aumento de seu capital cultural, mas também pela manutenção de sua saúde intelectual.
Para atender consumidores de pesquisa, a Escola Anna Nery Revista de Enfermagem é desenhada e operacionalizada com o objetivo de promover a socialização do conhecimento produzido pela Enfermagem junto a estudantes de graduação, de pós-graduação, professores, pesquisadores e profissionais. Proporciona aos leitores uma experiência educacional avançada e desempenha papéis diferenciados, como por exemplo, o de um vetor.
Como um vetor de saúde intelectual, a Escola Anna Nery Revista de Enfermagem transmite resultados de inovadoras pesquisas em Enfermagem, produzidos sob o rigor de abordagens metodológicas quantitativas e qualitativas. Os produtos submetidos ao crivo e aprovação dos consultores ad-hoc, e hoje compartilhados com você consumidor de pesquisa em Enfermagem, traduzem, essencialmente, preocupações científico-profissionais no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão.
A contaminante leitura dos artigos aqui publicados também nos remete a três outras reflexões sobre a prática na arte e na ciência da Enfermagem. A primeira, de que um cliente pode não ter a possibilidade terapêutica tecnológica ou medicamentosa, entretanto jamais lhe faltará a possibilidade terapêutica de cuidados de enfermagem - nem mesmo depois de sua morte, porque cuidamos do seu corpo e de sua família. A segunda, do que vem a ser o conceito de alta complexidade de um cliente cuidado pela enfermagem - que pode estar em uma unidade de terapia intensiva, com sua estabilidade hemodinâmica dependente do aparato tecnológico, ou em sua residência na comunidade ou em visita ao ambulatório de especialidades de um hospital, com sua estabilidade hemodinâmica frágil ou comprometida por aspectos sócio-econômicos, educacionais ou ambientais. A terceira, de que investigações em saúde física e mental em contextos institucionais e comunitários precisam ser disseminadas e ter retorno social a curto prazo, diminuindo a distância entre o avançar da ciência e o usufruir dos resultados desse avanço pela população.
Assim, ao concluir o presente editorial como consumidora de pesquisa lhe convido a uma leitura que certamente transcenderá as páginas da Revista por preencher lacunas no conhecimento, proporcionar saúde intelectual e ter um incomensurável potencial de enriquecer nossas vidas e as das pessoas com quem trabalhamos e de quem cuidamos.