Volume 12, Número 1, Jan/Mar - 2008
FAC-SÍMILE
"A enfermagem e o progresso social do Brasil"
ITânia Cristina Franco Santos
IProfessora Adjunto do Departamento de Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ. Doutora em Enfermagem. Docente do Corpo Permanente do Programa de Pós-Graduação da EEAN/UFRJ. Pesquisadora do Núcleo de Pesquisa de História da Enfermagem Brasileira (NUPHEBRAS)
Apresentação
O artigo intitulado "A Enfermagem e o progresso Social do Brasil", de autoria de Clara Curtis, publicado em janeiro de 1949, traz a lume a importância da enfermeira para o progresso do Brasil. A autora sinaliza que na primeira metade do século XX a imagem da mulher na sociedade brasileira sofre significativas transformações no bojo de um progresso significativo decorrente de mudanças em muitos campos de atividades no Brasil. Nesse contexto, desenvolvem-se as profissões femininas, em particular a enfermagem, que constitui um ponto importante no processo de emancipação da mulher, sem no entanto entrar em conflito com a ordem social vigente, mesmo em um regime desfavorável à condição feminina, o qual colocava a mulher em estado de dependência simbólica do homem, femininas à expectativa masculina e, por extensão, subordinadas e submetidas.
Em face das profundas transformações da sociedade brasileira a autora aponta duas tendências que influenciaram sobremaneira o desenvolvimento da enfermagem: formação de enfermeiras altamente qualificadas e aumento significativo do número de pessoal para atender as necessidades urgentes dos hospitais e demais serviços de saúde.
No que concerne a aparição de enfermeiras em eventos internacionais, a autora põe em relevo que, em 1947, em Nova Jersey, no IX Congresso Internacional de Enfermeiras, a Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas, filiada ao Conselho Internacional de Enfermeiras, foi representada por uma delegação de cinco enfermeiras.
Não obstante, o trabalho feminino, no contexto dos valores sociais dominantes, se configurava exclusivamente através de serviços e ocupações adequadas à feminilidade, portanto, as instituições de saúde foram aqui consideradas como o lócus de profissionalização da enfermeira e da mulher na sociedade brasileira.