Volume 3, Número 1, Jan/Abr - 1999
INTRODUÇÃO
O objeto deste estudo são as razões que determinaram que parcela significativa do número de alunas que ingressaram na Escola Anna Nery, entre 1930 e 1938, fossem excluídas2 de seu curso. Para tratarmos o assunto, elaboramos o seguinte objetivo: discutir as circunstâncias que favoreceram a exclusão de alunas de enfermagem da Escola Anna Nery no período 1930 a 1938.
O interesse em estudar este tema surgiu durante a coleta de dados para o desenvolvimento do subprojeto intitulado O perfil das alunas de enfermagem da escola Anna Nery: década de 30. E isto porque, além de constatarmos que era grande a demanda de candidatas e a matrícula de alunas no curso, também verificamos que muitas delas, por uma razão ou por outra, não concluíram o curso, pelo menos na Escola Anna Nery e no período em estudo.
Sabemos que, à época, eram rígidos os critérios tanto para o ingresso na Escola quanto para a avaliação do desempenho das alunas. E mais, existia ainda o que Pierre Bourdieu designa de "monopólio da assinatura", isto é, as dirigentes tinham o poder de inserir ou excluir candidatas ou alunas, dependendo do resultado da apreciação que fizessem as professoras/enfermeiras de cada uma delas (MENEZES e BAPTISTA, 1998, p1).
Contudo, a austeridade com que eram conduzidos os atos acadêmicos e também a apreciação da conduta das alunas, mesmo fora dos horários de aula ou estágio, não acontecia por acaso. O propósito era o de reverter a desfavorável condição de inserção da profissão na sociedade, uma vez que, à chegada da Missão Parsons no Rio de Janeiro3, a enfermagem tinha uma dupla representação social, qual seja: "de um lado, a enfermeira podia evocar a figura virtuosa da mãe e dona de casa, devotada à caridade, de outro, a mulher de comportamento imoral e irresponsável" (BAPTISTA e BARREIRA, 1997,p51).
Talvez por isto mesmo, o processo de seleção das candidatas se revestia de uma severidade extrema. Como dito anteriormente, o poder de enunciar quem comporia o corpo discente era das dirigentes da Escola, sendo que a avaliação das possíveis futuras alunas baseava-se nos dados por elas mesmas referidos em suas fichas de inscrição4, em atestado médico de sanidade física e mental, em cartas de referências de pessoas (principalmente homens) ilustres, grau de instrução e nas observações realizadas durante a entrevista (modo de falar, sentar, comportar, aparência pessoal...).
Segundo Sauthier (1996,p165), as aprovadas no processo de seleção eram moças de famílias de boa situação social, muitas das quais haviam recebido educação esmerada, para os padrões da época, e haviam assimilado os valores da sociedade e da instituição, propalados na fase de recrutamento.
Um outro ponto a ser comentado é o de que os registros das candidatas a aluna da Escola Anna Nery oferecem um rico testemunho das razões por elas alegadas para a escolha da profissão, senão vejamos: religiosidade, patriotismo, idéia de vocação para exercer à Arte de Enfermagem, busca de uma profissão para alcançar independência financeira. Ao lado desses depoimentos, os quais demonstram, por motivos diversos, a vontade e o desejo de se tornarem enfermeiras, ao ingressarem na Escola se deparavam com o rigor da disciplina, com a extensa e estafante carga horária de serviços diários, seja em sala de aula, em campo prático de estágio ou nas horas dedicadas ao estudo, além do stress advindo dos males que acometiam os doentes.
Assim, apesar daquela intenção primeira, muitas alunas interromperam o curso, por vontade própria ou porque eram convidadas a pedir demissão da Escola. Dentre as causas que as levaram à tal decisão destacam-se as seguintes: doença; motivos pessoais, que englobam doença na família, casamento, não sentirem vontade de continuar o curso; e também por incapacidade profissional, que engloba reprovações, falta de interesse ou falta de espírito de enfermeira 5.
DIRETRIZES TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Trata-se de uma pesquisa de cunho histórico-social que se desenvolveu na perspectiva da abordagem quanti-qualitativa. Seu recorte temporal compreende o período 1930 -1938. O marco inicial corresponde ao penúltimo ano da primeira gestão (1928-1931) da diretora norte-americana Bertha Lucille Pullen, época que a Missão Parsons (1921-1931) ainda estava no Brasil, e o terminal ao último ano de sua segunda gestão (1934-1938) como diretora da Escola Anna Nery.
A coleta de dados foi realizada mediante consulta ao acervo do Centro de Documentação da Escola Anna Nery. As fontes primárias são de naturezas diversas, quais sejam:
- dossiês das 150 alunas6 que foram excluídas da Escola no período estudado, os quais contêm: ficha de inscrição, histórico escolar, avaliações de campo de estágio e aulas teóricas, cartas de recomendação; relatórios anuais das diretoras; prospectos de divulgação do curso; estatuto da escola.
As fontes secundárias incluem bibliografias referentes à história da enfermagem e da educação no Brasil, e acerca da situação da mulher na sociedade brasileira da época estudada.
Para extraírmos os significados da questão da pesquisa, classificamos e discutimos os achados a partir da estatística descritiva, das fontes secundárias, de nosso próprio esforço de abstração; também lançamos mão de alguns escritos de Pierre Bourdieu, com destaque para os que tratam sobre poder simbólico.
AS MULHERES E O MUNDO DO TRABALHO
A socialização da mulher até as primeiras décadas do século XX era basicamente intrafamiliar e estava orientada no sentido de prepará-las para os afazeres da casa. Se solteiras, as mulheres trabalhavam quase que exclusivamente em casa, ou como força de trabalho gratuita nos negócios da família, como na manutenção da casa, no cultivo e preparo de alimentos e na confecção dos bens utilizados no lar (SANTOS, 1998).
Quando casadas, tinham que viver em função do seu lar, dedicando exclusiva atenção e cuidado ao seu marido e aos seus filhos. Além disto, "a legislação trabalhista vigente no final da década de 20, fazia uma série de restrições ao trabalho feminino, comparando a mulher ao menor, tendo como ideologia a sua fragilidade, além da necessidade de não desvirtuar a mulher de sua função principal, ou seja, o lar" (Almeida, in SAUTHIER, 1996,p 197).
Entretanto, algumas mulheres estavam buscando a sua independência e o seu devido lugar na sociedade. A profissionalização, a necessidade ou o desejo de se sustentar estavam de acordo com os avanços observados na emancipação social da mulher, isto é, a mulher se tornar independente de seu marido, de sua família e poder trabalhar, recebendo o seu próprio salário; decisão que exigia coragem e renúncia.
Por outro lado, este tipo de aspiração das mulheres tinha que ser contido pela sociedade, para o machismo poder sobreviver. Por isto mesmo, a luta das mulheres por um emprego digno foi árdua. As dificuldades por elas enfrentadas para ingressar no mercado de trabalho eram sempre muito grandes, não importando a qual classe social pertenciam. Isto porque a maioria das pessoas consideravam que qualquer atividade fora do ambiente doméstico poderia representar um risco para as mulheres, mesmo que esta fosse indispensável para a sua sobrevivência ou a de seus familiares. Assim, com essa ação de buscar uma posição social fora de seu lar, a mulher poderia ser discriminada e diferenciada das demais pela sociedade da época.
Nesse tempo, como resultado da educação que lhes era dada, a maioria das mulheres mantinham um sentimento de inferioridade, de insegurança e a convicção de que era justo que elas pagassem o preço mais alto, ou seja, o de continuarem submissas aos seus maridos, em troca de consideração e segurança. Isto fazia que fossem mulheres conservadoras que receiassem quaisquer mudanças, ainda que estas viessem beneficiá-las, a longo prazo (BELOTTI, 1985,p 15). Neste contexto, era necessário que o trabalho remunerado, fora do lar, não as afastasse da vida familiar e, portanto, dos deveres domésticos.
Foram surgindo, nas primeiras décadas do século XX, alguns movimentos feministas, buscando "desde interesses altamente generalizados, como a paz mundial, até assuntos específicos, como o pagamento igual para trabalho igual ao dos homens e oportunidades educacionais iguais" (HAHNER, 1981, p. 103).
No período referido acima, a remodelação e o saneamento no Rio de Janeiro, a urbanização crescente e a industrialização afetaram significativamente o cotidiano das mulheres , o que representou para elas novas perspectivas de trabalho e atuação, somado ao fato de que as elites intelectuais e políticas procuravam redefinir o papel da mulher na sociedade (Rocha, Coutinho, in SANTOS, 1998, p. 62-63).
"As inovações culturais e tecnológicas trazidas aos centros urbanos afetaram as mulheres tanto quanto os homens (...) Pelos inícios do século XX (...), no Rio de Janeiro, era crescente o número de mulheres 'decentes ' indo sozinhas às compras ou passeando nas principais vias públicas (...). As mulheres das famílias mais finas ' encontravam-se e passavam o tempo em casas de chá e teatros. Logo estavam rodando em automóveis e freqüentando cinemas, expostas a imagens estrangeiras de novas atitudes e atividades para mulheres. " (Humphrey, Cooper, Bell, in HAHNER, 1981,p90).
O PODER DE ENUNCIAR A VERDADE
As diretoras da Escola
Anna Nery: 1930-1938
A Escola Anna Nery foi dirigida, no período de agosto de 1928 a maio de 1931, por Bertha Lucille Pullen7, que se acreditava seria a terceira e última diretora norte-americana8 . Substituiu-a no cargo sua assistente, Rachel Haddock Lobo, enfermeira brasileira, diplomada, em Paris, pela Escola de Enfermagem da Assistência Pública, e que na Escola Anna Nery, por quatro meses, fez complementação de seus estudos, sendo logo indicada para o curso de pós-graduação em Administração de Escolas, nos Estados Unidos. Rachel Haddock Lobo era considerada "a dama católica, ex-voluntária da Cruz Vermelha Brasileira na I Guerra Mundial, e representava a transição da mulher da caridade filantrópica para a abnegação profissional da enfermeira" (SANTOS, 1998,pl47).
A gestão de Rachel Haddock Lobo foi curta, de junho de 1931 a maio de 1933, quando afastou-se do cargo por motivo de doença9, sendo substituída interinamente por Maria de Castro Phampiro, que à época era enfermeira chefe do Hospital Geral de Assistência10.
Entretanto, a direção da Escola não continuou com as enfermeiras brasileiras. Tanto que, em abril de 1934, volta ao Brasil Bertha Lucille Pullen, para pela segunda vez assumir o cargo de diretora, o qual ocupou até setembro de 1938. Bertha L. Pullen teve uma administração rica em inovações e repleta de conflitos. Considerava a questão disciplinar como fator importante de controle e de preservação da imagem da enfermeira. À sua partida, assumiu, interinamente, Zaira Cintra Vidal, que já fazia parte do corpo docente da Escola como instrutora em campo de estágio prático11.
Algumas características do perfil das alunas excluídas e os critérios de seleção:
Como podemos observar na Tabela 1, entre os anos de 1930 e 1938, matricularam-se na Escola Anna Nery 376 alunas. Dentre estas, 218 (58%) diplomaram-se enfermeiras e 158 (42%) foram excluídas do curso por motivos diversos, os quais serão apresentados, analisados e discutidos a seguir.
Nos três primeiros anos estudados, a quantidade de alunas que foram excluídas representou uma parcela considerável da turma inicial de cada ano. Entre 1933 e 1935, houve um declínio do número de excluídas, voltando a crescer progressivamente nos últimos 3 anos estudados. No total, a relação das alunas que concluíram o curso e as que foram excluídas é pequena sendo o total destas bastante representativo.
De 1923 a 1929 ingressaram na Escola Anna Nery, 231 alunas12, sendo que 111 (48,1%) abandonaram o curso.
Ao compararmos os achados de Menezes, Baptista e Barreira (1998) com os deste estudo, verificamos que o número de matrículas entre 1923 e 1929 (231) foi relativamente menor ao número de alunas matriculadas no período entre 1930 e 1938 (376), mesmo considerando que o primeiro período compreende seis anos e o segundo, oito. Por outro lado, o número de alunas que se diplomaram enfermeiras, na década de 20, corresponde a 120 (51,9%) e, na década de 30, a 218 alunas (58%).
Na década de 30, investiu-se mais na divulgação do curso. "Em 1930, a divulgação do curso havia mudado de tom. Agora, além da oportunidade de 'praticar a mais carinhosa de todas as artes na vida', a enfermagem era representada como uma das profissões mais importantes 'em épocas de crises nacionais' " ( Sautier,1996,p 191). Com esse tipo de discurso, a Escola pretendia atingir moças com os requisitos necessários à Escola, como ter boa educação e vocação, para que estas pudessem contribuir para uma inserção mais favorável da enfermagem na sociedade.
Nesse período, a mulher também buscava um tipo de trabalho mais digno, investindo em sua educação, para o seu crescimento profissional, uma vez que a enfermagem era uma profissão feminina e proporcionava à mulher, além da prática, um conhecimento intelectual feminino bastante significativo para a época.
No que se refere à religião, como podemos observar na Tabela 2,117 (78%) das alunas excluídas professavam o catolicismo, 23 (15,4%) eram evangélicas e as outras 10 (6,6%) assim se distribuíam: 6 (4%) outras crenças, 2 (1,3%) declararam não ter religião e 2 (1,3%) não responderam à questão.
A religião das enfermeiras da Missão Parsons era Cristã Evangélica, enquanto que a religião que predominava no Brasil, e consequentemente no Rio de Janeiro, era a Católica, sendo essa a religião oficial do país até os dias atuais. Apesar dessa diferença, entre credos, grande parte das enfermeiras norte-americanas souberam se adaptar a essa realidade (TEIXEIRA, BAPTISTA, CAVALCANTI e SAUTHIER,1998, p 55).
A época, a Escola dava preferência para admitir no seu curso candidatas que já tivessem alguma experiência em tarefas domésticas, no ensino, no cuidado com enfermos, no comércio. Este tipo de declaração poderia ser feito pela própria candidata, em sua ficha de inscrição. Contudo, era mais valorizada se nas cartas de referência (incluindo qualidades morais e intelectuais das candidatas) exigidas pela Escola constasse o registro de seu desempenho em ocupações anteriores.
A maioria dessas cartas eram fornecidas por pessoas ilustres, geralmente homens, de reconhecido poder e prestígio na sociedade. Isto demonstra que era importante para a Escola o tipo de inserção social da candidata, isto é, o nível social das pessoas com quem mantinha relacionamento, podendo ser profissional, familiar, ou simplesmente um relacionamento de convivência pessoal.
Entre 1930 e 1938, como mostrado no Quadro 1, a grande maioria das alunas excluídas (88) não haviam tido ocupação anterior . Em relação às que tiveram ocupação, a que mais se destaca é a de professora (35). Na referida década, era comum as moças das classes média e alta cursarem o secundário em Escolas Normais, saindo dessas com o diploma de professora primária. Das 150, 26 possuíam experiência prática de enfermagem, 8 eram em datilografas, 6 trabalhavam no comércio e 3 como secretárias.
No período em estudo, o curso era gratuito e o trabalho da aluna remunerado, por uma quantia que dava para atender às suas pequenas despesas, uma vez que a Escola oferecia vantagens como: internato, alimentação, cuidado com as roupas, transporte que as levava do internato, onde moravam, que ficava localizado em Botafogo, para o Pavilhão de Aulas da EAN, que ficava próximo ao Hospital Geral da Assistência. Vale dizer que o ordenado das alunas era igual ou superior ao das outras carreiras femininas da época e o período do curso valia para contagem de tempo de serviço para aposentadoria.
Dentre os requisitos exigidos das candidatas para o ingresso no curso, constava que tivessem boa aparência pessoal e modos refinados, pois a Escola procurava alunas com comportamento e hábitos enquadrados, à época, como "boas maneiras" (Menezes, Baptista e Barreira, 1998,p5). Além disso, a faixa etária permitida era entre 20 e 35 anos, salvo exceções, como descrito nos registros para a admissão das candidatas à Escola: " Em casos especiaes poderá haver excepções a essa regra caso assim o entenda a Comissão de Admissão"13. Tanto que, como consta na Tabela 3, das 150 excluídas da Escola, entre os anos estudados, 28 (18,7 %) alunas tinham menos de 20 anos de idade e 3 (2,0%) tinham idade superior a 35 anos.
Entretanto, como preconizado, 119 (79,3%) constavam entre 20 e 35 anos quando ingressaram na Escola, sendo que destas, 70 (58,8%) tinham entre 20 e 23 anos de idade.
Um outro critério de seleção era o estado civil, ou seja, era necessário que a aluna fosse solteira, viúva ou legalmente separada de seu marido14. A justificativa para tal exigência era de que a "Arte da Enfermeira" necessitava de muita dedicação. Portanto, acreditava-se que se a mulher tivesse um marido não seria capaz de desempenhar o seu trabalho no mesmo nível daquelas que se dedicavam exclusivamente à profissão. Se a aluna desejasse casar, abandonaria a carreira, porém os conhecimentos adquiridos seriam muito úteis ao seu papel de dona de casa e mãe de família.
Contudo, entre 1930 e 1938, dentre as excluídas, ingressaram na Escola duas alunas casadas. Isto se deve ao fato de que, a partir de 1934, não mais estava explícito, nos prospectos de divulgação do curso, a exclusão da mulher casada (Santos, 1998,p 188). O motivo alegado por uma delas para abandonar o curso (M.L.S.F15, natural do Rio de Janeiro, que ingressou na Escola em março de1934 e deixou o curso em maio de 1935) foi o de doença em sua família; suas notas eram de boas para regulares e não constava em seus relatórios de avaliação qualquer queixa por parte das diretoras ou supervisoras.
Entretanto, antes de 1934, ingressara na Escola uma aluna casada, M.B.16 ; ela pertencia à turma de 1935, portanto, iniciou o curso em agosto de 193217, mas não o concluiu por ter sido reprovada em várias disciplinas, apesar das avaliações positivas feitas em campos de estágio pelas enfermeiras-chefes, como: "Aluna esforçada, trabalhadora, mostrando muito interesse pelos doentes."18
A alta qualidade da formação de enfermeiras na Escola Anna Nery era reconhecida nacionalmente. Tanto que, em 1931, antes da partida da Missão Parsons, foi considerada Escola Oficial Padrão19para efeito de equiparação e reconhecimento de outras escolas de enfermagem que viessem a ser criadas, " com o propósito declarado de garantir um alto nível de formação profissional de enfermagem no Brasil" (BAPTISTA e BARREIRA, 1997,p34).
Talvez também por isto, e como já vimos anteriormente, fora as vantagens oferecidas pela Escola às alunas e indiretamente às suas famílias, havia uma grande procura pelo curso de enfermagem por mulheres de vários estados do país. Como mostra a Tabela 4, a região sudeste teve maior representatividade, 99 alunas (66%), sendo que os estados do Rio de Janeiro (36,7%) e de Minas Gerais (22%) foram os que mais se destacaram numericamente.
Isto deve-se ao fato tanto da proximidade da residência das alunas com a sede da Escola como à ampla divulgação do curso, nesses estados. Da região sul, vieram 3 alunas (2%) e do centro-oeste apenas 1 (0,7%). Por outro lado, das regiões norte e nordeste vieram 43 alunas (28,6%), apesar de ser uma região com cultura forte e tradicional, e o patriarcado imperar. Assim, não era fácil uma moça deixar o seu âmbito familiar, sozinha, para estudar em outra cidade, principalmente sendo esta distante de sua cidade natural.
CIRCUNSTÂNCIAS DE EXCLUSÃO DAS ALUNAS
Pelo conteúdo das fichas de inscrição das 150 alunas excluídas do curso de enfermagem da Escola Anna Nery, entre 1930 e 1938, percebemos que a maioria delas justificavam sua opção pela carreira mediante a aliança: vocação-trabalho de mulher. Algumas alunas assim descreveram as razões pelas quais decidiram dedicar-se à arte de enfermeira:
A profissão de enfermeira é uma das mais nobres exercidas pela mulher. A mulher tem em si nata a qualidade de dedicação aos enfermos... "20. " Sempre tive vocação por esta carreira...tenho o imenso prazer de socorrer os pobres infelizes "21. " O cuidar dos doentes é uma tarefa que sempre coube à mulher. A abnegação e piedade da enfermeira exige o delicado cuidado de cuidar dos doentes "22
Pasta da aluna E.G.P., turma de 1930, série Os Excluidos, Cx 11, CD/EEAN
Contudo, sabemos que, à época, as oportunidades de profissionalização da mulher estavam quase que restritas à carreira do magistério, à de farmacêutica23 e à profissão de enfermeira. Nesta pesquisa, verificamos que muitas alunas abandonaram a carreira de professora primária ou de farmacêutica para ingressarem na Escola Anna Nery:
"...Á profissão por mim escolhida foi a de pharmaceutica julgando assim que me seria mais fácil realizar o meu ideal, qual o de poder socorrer aos enfermos e necessitados, mas observando em um hospital aos trabalhos de uma enfermeira, senti-me attrahida e desde então meu único sonho tem sido este: ser enfermeira! Poderá haver arte mais sublime que esta? Oh! Socorrer aos necessitados, tratar com carinho a um doente , penso que não há nada mais digno de uma mulher, de uma brasileira. "24 " Tendo que deixar o meu torrão Natal, e, portanto desligar-me da profissão que abracei; professora, e devendo aqui escolher uma outra carreira, preferi a de enfermeira, que espero desempenhar com todo carinho, paciência e dedicação desde que me não falte o auxilio do bom Jesus que tanto fez pelos enfermos e desventurados "25.
Assim é que parece que a carreira de enfermagem se apresentava como o destino possível, como a oportunidade objetiva para essas jovens mulheres, que de uma maneira ou de outra, visavam ampliar suas oportunidades de aquisição de novos conhecimentos e até mesmo de recursos financeiros, e assim poderem melhor se inserir na sociedade: "Toda mulher precisa ser independente. Para isso faz-se mister trabalhar. Procuro uma profissão. Entre outras, escolhi a de enfermeira. "26
Esta opção, na maioria das vezes, era muito bem aceita pelas pessoas, uma vez que a questão da definição social da condição feminina fazia com que as mulheres " se orientassem inconscientemente pelo preconceito de que existe uma afinidade eletiva entre as qualidades ditas femininas" (BOURDIEU, 1989,p88) e as qualidades requeridas pelo trabalho da enfermeira, tais como sensibilidade, abnegação, dedicação, caridade, amor ao próximo (BAPTISTA e BARREIRA, 1997, p74). Sobre isto vejamos o depoimento da aluna: "... Qual o coração feminino bem formado que perante o soffrimento não tem impetos de acudir, de aliviar?!"27
Pode-se perceber pelos achados deste estudo que "a rígida disciplina e a inquestionável obediência, herança da Escola de Enfermeiras do Hospital Saint Thomas, que se reproduziu nas escolas norte-americanas e foi transplantada para a Escola Anna Nery" (SAUTHIER, 1996,p158), além da constante vigilância, em muito contribuíram para, apesar de todas aquelas declarações, que as alunas não conseguissem alcançar seus objetivos iniciais, ou seja, diplomarem-se enfermeiras.
Porém, cabe dizer que a aluna antes de se desligar da Escola por vontade própria ou ser convidada a fazê-lo, a não ser em casos de falta gravíssima, era repreendida verbalmente e podia até mesmo receber algumas punições, como foi o caso de IM.:
"Sinto muito ser obrigada a chamar a sua attenção sobre desordens em seu quarto onde encontrei roupas jogadas nas camas, penduradas nas janellas, sapatos pelo chão, janellas abertas e o quarto em desordem geral. Suas sahidas ficam suspensas de 29 de setembro a 8 de outubro, até a senhora poder provar que sabe guardar o quarto em ordem."28
Logo no segundo mês seguinte (novembro/34), I.M. se desligou do curso e o que consta em seus assentamentos é que foi por motivo de doença na família. A.J.S., antes de ser excluída também recebeu punição: "Ficou privada de saídas por duas semanas a partir de 1/10/39, por ter faltado ao serviço sem licença e sem motivo superior, perturbando a ordem dos trabalhos e infringindo as regras da casa. "29
Um outro exemplo é o fato de, caso ás alunas desrespeitassem o período permitido para ficarem ausentes da Escola, serem obrigadas a reescrever, 50 vezes, a seguinte ordem: "nenhuma aluna poderá ausentar-se das aulas, exceto em caso de moléstia de cama, ou em caso de moléstia grave em pessoa da família"30
Além das inúmeras proibições, como não andar de carro31 em companhia de homens, exceto irmão ou pai, não era permitido freqüentar certos clubes, escrever para jornais, chegar ao internato fantasiadas do carnaval. Havia, ainda, comportamentos obrigatórios, como usar chapéu ao sair do Hospital São Sebastião ou da Escola (SAUTHIER, 1996, p180-181).
Ao lado disto, devemos considerar também que a rotina das alunas era cansativa, além de aulas teóricas e práticas, estavam previstas oito horas de trabalho diariamente, com dois meios dias de descanso, semanalmente, e quinze dias de férias, anualmente.
Acontecia que algumas alunas não suportavam tais exigências e pediam demissão do curso.
Algumas, mesmo não tendo o comportamento desejado pela Escola, nela permaneciam por mais tempo. Este é o exemplo de Z.A.C., que ingressou em 1937 e saiu em abril de 1940, alegando motivos particulares32. De uma de suas supervisoras obteve a seguinte avaliação: " maes atitudes propria para uma enfermeira...foi encontrada por mim assolviando na sala...é pouco delicada, recebe muito mal as observações que lhe são feitas"33.
Devemos considerar também que as dirigentes da Escola Anna Nery tinham a responsabilidade de tomar a profissão respeitada pois, à época, se não exercida por religiosas ou mulheres caridosas/voluntárias, era considerada indigna. E isto principalmente porque as pessoas que a exerciam pertenciam à classe social de menor poder aquisitivo e, portanto, portadoras de pequeno capital cultural e também porque muitas delas tinham padrões morais duvidosos.
A seguir, temos dois exemplos da preocupação das diretoras da Escola com esta situação: " A aluna mostrou falta disciplinar na portaria do Hospital São Francisco de Assis, em companhia de um rapaz de seus conhecimentos com atitudes desmoralisante a acarinhal-o. Respondeu à Diretora"34. Segundo registros, essa aluna foi suspensa por quinze dias, sendo submetida a inquérito para averiguar a sua culpabilidade. Foi dada como culpada, sendo aconselhada a pedir demissão pelo seu ato. Outra aluna roubou um par de sapatos de uma das empregadas da Escola e "foi demitida por não ser ela absolutamente, o tipo almejado para a nossa Escola....nunca mais deverá pertencer ao grupo das alunas da Escola de Enfermeiras Anna Nery....por não ter ela o necessário espírito d'uma verdadeira enfermeira"35.
Assim, acreditavam as dirigentes/ professoras que a severidade com que conduziam a avaliação das atividades acadêmicas e dos comportamentos das alunas tanto nos horários de aula ou estágio como nos períodos de folga das mesmas (principalmente no internato) era imprescindível para que a profissão passasse a ser considerada não somente aceitável mas se firmasse na sociedade e fosse recomendável para as "moças de boa família".
As alunas e as professoras eram obrigadas a exercer um controle de suas emoções e uma modelação de sua conduta, através da crescente integração no meio profissional e no corpo social da Escola. As dirigentes também exerciam um controle de si próprias, que as era imposto pela sua função, o que, além de conferir-lhes o prestígio, as distinguia das demais (SAUTHIER, 1996, p161).
Paralelamente aos estudos, havia um acompanhamento permanente do estado de saúde das alunas, sendo registrado o número de dias de afastamento destas, e suas respectivas causas e providências tomadas pela diretoria da Escola (SAUTHIER, 1996).
Neste sentido, constatamos nos dossiês das alunas que outro motivo para a interrupção do curso de enfermagem era por doença; algumas mais sérias e outras menos. Algumas vezes as alunas eram aconselhadas a deixarem a Escola, pelos médicos, em outras, as próprias dirigentes arbitravam a decisão a ser tomada. A seguir serão descritos alguns exemplos: "aluna deixou a Escola pois, quando voltou do norte do país, onde estava cuidando da saúde de sua mãe, contraiu "resfriado no miocardio", sendo contra-indicada pelo médico a continuar o curso de enfermagem"36. Outra, aluna E.S.P., que ingressou em março de 1933, também foi convencida a deixar a Escola, em janeiro de 1934, por" incapacidade physica e mental. Depois dos cinco mezes de curso preliminar, foram lhe precedidos mais cinco mezes para opportunidade para desenvolver-se melhor. Não havendo bom resultado... Parece mentalmente anormal "37.
Para a avaliação das alunas, em campo de estágio, era usada uma ficha com itens sobre o modo de tratar o doente, a postura frente à equipe, os procedimentos técnicos realizados, pontualidade, uniforme, aparência, higiene, assiduidade e o potencial de cada uma.
A seguir transcrevemos algumas anotações de dirigentes ou de enfermeiras responsáveis pelos campos de prática, nas quais podemos verificar que a exclusão das alunas do curso da Escola Anna Nery não tinha relação direta apenas com as exigências (que pareciam de uma severidade extrema) feitas pelas professoras: " na noite de 21/07/39, aluna anotou em nove papeletas de doentes da 13ª enfermaria , antecipadamente às 24 h de um dia, observações e fatos de 2 a 6 h do dia seguinte, ato que constitue falta das mais graves na vida profissional da enfermeira... "38. " ...seu serviço é feito com pouco interesse e ma vontade...o serviço de dona L. foi tão mal que fui forçada à pedir permissão à diretora para mandá-la para um outro serviço, pois não a julgava capaz de tomar responsabilidades..."39 ; " ... sempre de mao humor/ respondendo tudo com muito medo. Poder de observação péssimo. Trabalho sempre incompleto e feito de már vontade. "40 ; " technica sofrivelmente executada. Falta de interesse, preocupase pouco com o conforto do doente. E muhito distrahida. Mente muito e seu trabalho" não é digno de confiança "41.
Contudo, existiam alunas que se desligavam da Escola por motivos pessoais,, como casamento, situação de doença na família, por não desejarem mais continuar o curso, mesmo tendo tido uma excelente avaliação das supervisoras: "Demonstrou ter optima espirito. Trabalhou em gratidè interesse apesar de não ter pratica no seu serviço"42; "Attenciosa, tem boa atitude no trabalho. É activa e procura ser cumpridora dos deveres "43 ; "Apezar de pouca experiencia trabalhou muito bem; muito delicada e attenciosa para os doentes. Ethica profissional boa. Uniforme sempre muito bem arranjado. Trabalho nítido e com esmero. Se continuar com o mesmo interesse será uma boa enfermeira "44.
Mas nem sempre os motivos pelos quais as alunas se referiam à sua demissão era o verdadeiro motivo de sua saída. Segundo carta de demissão da aluna M.A.C. , pertencente à turma que ingressou em 1936, esta deixou a Escola por motivo particular, sendo que nos registros de avaliação de estagio prático estava escrito o seguinte: "por enquanto não acho com aptidão para a enfermagem. O defeito de sua visão torna-se uma dificuldade para o serviço"45. Na carta de demissão da aluna M.M.C.R., datada de 27/10/1937, constava motivo de saúde, enquanto que nos registros de estágio prático constava : "Aluna muito nova e infantil. Fica nervosa quando vê muitas obrigações a serem feitas "46 e "seu trabalho é muito falho, apezar de muito observada. E muito sem cuidado, mostra pouco interesse e atenção... "
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mediante a análise e discussão dos achados desta pesquisa, podemos constatar que as alunas excluídas do curso de enfermagem da Escola Anna Nery no período 1930-1938, alegaram sua opção pela carreira pelas seguintes razões: vocação, caridade, desejo de servir à Pátria, independência financeira e também pelo trabalho de enfermeira se coadunar com as características femininas. Verificamos ainda que, das 376 alunas matriculadas na Escola no período em estudo, 150 (40%) foram excluídas do curso por vontade própria ou por determinação das dirigentes, e por motivos diversos, tais como: casamento, doença, necessidade de participar do cuidado de familiar doente, falta de afinidade com as atividades requeridas pela carreira, reprovações em disciplinas, dificuldade de adaptação às normas internas da Escola.
Assim é que a discussão dos achados deste estudo permitiu uma melhor compreensão de diversas situações enfrentadas tanto pelas alunas excluídas quanto pelas professoras e dirigentes da Escola Anna Nery, durante o período 1930-1938.
BIBLIOGRAFIA
1. BAPTISTA, Suely de Souza. A carreira e a profissão de enfermagem na sociedade brasileira. Rio de Janeiro, EEAN/UFRJ, 1997. (Projeto integrado de pesquisa/ CNPq).
2. BAPTISTA, Suely de S. Baptista, BARREIRA, leda de Alencar. A luta da enfermagem por um espaço na Universidade. Rio de Janeiro: Gráfica UFRJ, 1997.
3. BELOTTI, Elena Gianni. Educar para a submissão. O descondicionamento da mulher. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1985.
4.BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989
5. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
6. GAUTHIER, Jacques Henri Maurice et al. Pesquisa em enfermagem, novas metodologias aplicadas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
7. HAHNER, JuneE. A mulher brasileira e suas lutas sociais e políticas: 1850-1937. São Paulo: Brasiliense,1981.
8. LUN ARD, Valeria Lerch. Historia da enfermagem, rupturas e continuidades. Pelotas: UFPel, 1998.
9. MENEZES, Simone dos Santos, BAPTISTA, Suely de Souza, B ARREIRA, leda de Alencar. O perfil das(os) alunas(os) de enfermagem da Escola Anna Nery: décadas de 20 e 90. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, v.2, n.l, abr./ set. 1998.
10. SANTOS, Tânia Cristina Franco. A câmera discreta e o olhar indiscreto. A persistência da liderança norte-americana no ensino da enfermagem na capital do Brasil (1928-1938). Rio de Janeiro: EEAN/UFRJ,1998. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1998.
11. SAUTHIER, Jussara. A missão de enfermeiras norte-americanas na capital da república. 1921-1931. Rio de Janeiro, EEAN/UFRJ, 1996. Tese (Doutorado em Enfermagem).
12. TEIXEIRA, Carmen Luisa dos Santos, BAPTISTA, Suely de Souza, CAVALCANTI, Rosa María N.T., SAUTHIER, Jussara. Alunas religiosas na Escola de Enfermagem Anna Nery nas décadas de 20 a 40. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, v.2, n.l, abr./set. 1998.
1. Esta pesquisa integra os estudos que vêm sendo desenvolvidos junto ao projeto integrado/ CNPq intitulado: A carreira e a profissão de enfermagem na sociedade brasileira, coordenado pela prof1 Suely de Souza Baptista. Este trabalho foi agraciado com o 2º lugar do Prêmio "A Lâmpada" - categoria aluno, no 6º Pesquisando em Enfermagem, 2ª Jornada de História da Enfermagem Brasileira, 1999.
2. Do verbo excluir, segundo Dicionário Aurélio, significa pôr fora, privar-se, ser incompatível com, eliminar, isentar-se, abandonar.
3. Missão Técnica para o Desenvolvimento da Enfermagem no Brasil, financiada pela Fundação Rockefeller, com o objetivo de promover as inovações requeridas pela Reforma Carlos Chagas. A Missão foi chefiada por Ethel Parsons, que na época era enfermeira-chefe da divisão de higiene infantil e enfermagem da saúde pública do estado do Texas, EU A.
4. Encontradas ñas pastas individuáis das alunas, no CD/EEAN. Constam das fichas de inscrição os seguintes dados: nome; data de nascimento; endereço; nome do responsável; educação acadêmica; ocupações anteriores; se a aluna tinha boa saúde ou defeitos físicos; peso e altura; vacinação; estado civil, nacionalidade; naturalidade; religião; referências pessoais; se a aluna havia tido experiência anterior em prática de enfermagem; e redação feita pelas alunas, descrevendo suas idéias sobre a enfermagem, o objetivo da profissão e porque razão havia decidido dedicar-se à Arte de Enfermeira.
5. Denominação dada pelas Enfermei ras-Che fes das enfermarías , onde eram realizados os estágios, às alunas que não se adequavam ao modelo de enfermeiras que a Escola tinha o propósito de formar.
6. O total de excluidas é de 158, entretanto não encontramos no acervo histórico do Centro de Documentação da EEAN dados referentes a 8 destas alunas.
7. As duas primeiras diretoras foram: Clara Louise Kieninger ( fev/1923- jul/1925) e Loraine Geneviève Dennhardt (nov/1925 - ago/1928).
8. A partida da Missão Parsons se deu em 1931, ano em que terminou o contrato com a Fundação Rockfeller
9. Rachel Haddock Lobo faleceu em 25 de setembro de 1933, em virtude de complicações cirúrgicas
10. Hoje, Hospital Escola São Francisco de Assis - UFRJ.
11. Para maiores informações acerca das gestões ver SAUTHIER (1996) e SANTOS (1998)
12. Fonte:Livro de Registro de alunos inscritos no curso de graduação da Escola Anna Nery (1923-1971), acervo CD/EEAN.
13. Registro para admissão das candidatas à Escola de Enfermeiras D. Anna Nery - 06/01/ 1930. CD/EEAN, Cx 26, DOC 147.
14. Registro para admissão das candidatas à Escola de Enfermeiras D. Anna Nery - 06/01/ 1930. CD/EEAN, Cx 26, DOC 147.
15. Pasta da aluna M.L.S.E, Série Os Excluídos, Cx 25, CD/EEAN
16. Pasta da referida aluna, Série Os Excluídos, Cx 22, CD/EEAN
17. Fato curioso, uma vez que sendo casada, segundo os prospectos de. divulgação, não seria permitido que esta aluna fizesse parte do corpo discente da Escola
18. Ficha de avaliação da aluna em campo de estágio, assinada pela Enfermeira-Chefe Emilia Cré. Série Os Excluídos, Cx 22, CD/EEAN
19. Decreto n° 20109 de 15/06/931
20. Ficha de inscrição da aluna A.S.C., turma de 1930, série os Excluidos, Cx 3, CD/EEAN, 1930.
21. Ficha de inscrição da aluna I.C., turma de 1934,série os Excluidos, Cx 14, CD/EEAN, 1933.
22. Ficha de inscrição da aluna Y.V., turma de 1936 ,série os Excluidos, Cx 38, CD/EEAN, 1933.
23. O curso de farmácia formava profissionais de ambos os sexos, por isto mesmo, a concorrência para a entrada no mercado de trabalho era mais difícil para as mulheres. Além disto, provavelmente, havia uma subordinação técnica das mulheres aos profissionais homens, da mesma carreira; o que não acontecia na profissão de enfermeira.
24. Ficha de inscrição da aluna C.S.O., turma de 1930, série os Excluídos, Cx 6, CD/EEAN, 1930.
25. Ficha de inscrição da aluna H.G.S., turma de 1930,série os Excluídos, Cx 13, 1930,CD/ EEAN.
26. Ficha de inscrição da aluna I.V.A., turma de 1931,série os Excluídos, Cx 38, 1931, CD/ EEAN.
27. Ficha de inscrição da aluna A.S.C-, turma de 1930, série os Excluídos, Cx 3, 1930, CD/
28. ZEEAN.
29. Esta aluna foi reprovada em: anatomia (2 vezes), matéria médica e técnica de S.O., não cursou patologia no período previsto, por isso repetiu o Iº ano; repetiu o curso preliminar 3 vezes, segundo anotações de Zaira Cintra Vidal, 1939. Cx 39, CD/EEAN
30. Pasta da aluna Z.A.C., da turma de 1937, Série Os Excluídos, Cx 39,1939 CD / EEAN
31. Pasta da aluna L.S.L., turma de 1931, relato assinado pela diretora interina Mª de Castro Pamphiro. Série as Excluídas, Cxl8 ,15/05/1933, CD/EEAN
32. Pasta da aluna L.L., pertencente à turma de 1931, ofício assinado pela diretora Rachel Haddock Lobo. Série as Excluídas, Cx 18 , 20/10/1931.CD/EEAN
33. Pasta da aluna 1. M., da turma de 1931, documento assinado por Bertha L. Pullen, diretora da Escola. Série as excluídas, CX14 , 24/09/1934. CD/EEAN.
34. Pasta da aluna A.J.S., da turma de 1938 , assinada por Lais N. dos Reys. Série Os Excluídos,Cx 3, 1939.CD/EEAN
35. Memo da diretora Bertha L. Pullen, Doc 99, Cx 25, 1930. CD/EEAN
36. A época, o carro era visto por algumas pessoas como fonte de acidentes, ou como instrumento de corrupção moral e dos bons costumes.
37. Pasta da aluna I.C., turma de 1934, assinado por Edmeé de Oliveira Pinto, Enfermeira-Chefe, em 20/02/1935. A aluna deixou a Escola em maio de 1935, por motivo particular. Cx 14. CD/EEAN
38. Pasta da aluna C.B.P., turma de 1932, relatório assinado por Mª de Castro Pamphiro, Enfermeira-Chefe, em dezembro de 1932. A aluna deixou a Escola para casar-se em 2/09/ 1933. Cx 7. CD/EEAN
39. Pasta da aluna. M.J.O.G., turma de 1932, assinado por Mª Re gis, Enfermeira-Chefe, em fevereiro de 1933. A aluna deixou a Escola em fevereiro de 1935, por motivo particular. Cx 25, CD/EEAN '
40. Pasta da aluna referida acima, relatório assinado por Aurora de A. Costa, Enfermeira-Chefe e monitora de Otorrinolaringología, em 1937. A aluna deixou a Escola em 26/07/1937 Série as Excluídas, Cx 20. CD/EEAN
41. Pasta da aluna referida acima, relatório assinado por Carrie H. Heno, Enfermeira-Chefe e monitora de enfermagem em Doenças Infecto-contagiosas e monitora de Psiquiatria, em maio del931e Mª Regis, Enfermeira-Chefe em setembro de 1934, respectivamente. A aluna deixou a Escola em 27/10/37. Série as Excluídas, CX20, CD/EEAN
42. Histórico escolar da aluna I.L.R., pertencente à turma de 1931. Série as Excluídas;^Cxl\5y40/.05/1933, CD/EEAN
43. Histórico escolar da aluna E.S.P., pertencente à turma de 1933, assinado por M"\ãe\GA\trd<--Pamphiro, diretora interina. Série as Excluídas, Cx 10 ,01/01/34, CD/EEAN , 'N
44. Pasta da aluna L.T.S., turma de 1938, ofício assinado pela diretora Lais Netto dos RêysNS/ilé'} as Excluídas, Cx 19, 1939. CD/EEAN
45. Pasta da aluna M.L.F.B., turma de 1930, assinado por Sra. Miranda, Enfermeiha-Ehéfey^ms 23/10/1931. A aluna deixou a Escola nesse mesmo dia. Cx 23. CD/EEAN ) /AYvÀóVy/'?-
46. Pasta da aluna M.N.S.S., turma de 1934, assinado por Sra. Miranda, Enfe^.me'lray-Gli'éfét,/-em 8/10/1935. A aluna deixou a Escola em 1/10/1935.Cx 26. CD/EEAN a> avaVa .a resumo das avaliações feitas pelas enfermeiras chefes, contido na pasta dq/àlÜda'FïR'Ff-turma de 1934. 10/01/1936. A aluna deixou a Escola em 1936.Cx 11 .CD/EEAíN\\2 aa à<a