ISSN (on-line): 2177-9465
ISSN (impressa): 1414-8145
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem Escola Anna Nery Revista de Enfermagem
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CAPES

Volume 2, Número 1, Jan/Ago - 1998

Magnífico Sr. Vice-Reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Prof. José Henrique Vilhena de Paiva.

Ilmo. Sra. Sub-Reitora de Pessoal, Professora Maria Augusta Temponi.

Ilma. Sra. Decana do Centro de Ciências da Saúde Prof. Vera Lúcia Rabelo de Castro Halfoun.

Ilmo. Sr. Representante do Fórum de Diretores de Escolas de Enfermagem do Rio de Janeiro.

Iima. Sra. Prof. Emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Nossa querida Dra. Elvira De Felice Souza, Profª titular do Departamento de Enfermagem Fundamental.

Ilma. Colega e Diretora desta Escola, Professora Maria Cecília Cordeiro Pedro.

Ilma. Colega e Vice-Diretora desta Escola, Professora Maria Tereza Coimbra de Carvalho, com quem caminharei junto no empreendimento da gestão 1998-2001.

Autoridades aqui presentes ou representadas.

Professores, alunos e funcionários que formam o corpo social desta casa.

Amigos e familiares.

Minhas senhoras e meus senhores.

Com todos que aqui estão é que desejo compartilhar os sentimentos contraditórios que neste momento tomam conta de mim: o prazer de lhes dirigir a palavra, a alegria da vitória, o orgulho pela meta profissional alcançada, mas também o peso da responsabilidade conferida pelo cargo, que ora passo a ocupar, pois espero poder corresponder à altura dos feitos de nossa estimada Escola, uma instituição que há 75 anos vem formando profissionais de enfermagem de elevado padrão para atuar tanto nos serviços de saúde como na qualificação de educadores e pesquisadores de enfermagem. Definitivamente esta casa é geradora de mentalidades que estão enraizadas no pensar e no agir do profissional que daqui egressa. Portanto, dirigir uma Escola, que é berço da enfermagem científica brasileira, já, por si só, é motivo de muito orgulho e uma honra inigualável. Estamos cônscias de que seu passado glorioso, por um lado, representa um respaldo e uma garantia de credibilidade, por outro, exige de nós, que procuraremos dirigí-la, o uso máximo de nossa competência, tenacidade, juízo crítico, dedicação e habilidades.

Chegar até um momento sublime como este requer de qualquer pessoa um aprendizado constante e inesgotável, tanto no âmbito do viver cotidiano como da : formação acadêmica. Recordo-me que, quando aqui cheguei, em 1981, à época uma garota tímida do interior do Estado do Rio de Janeiro, como estudante de graduação vivi dias difíceis e cercada de muitos desafios. Ao lado do deslumbramento pela metrópole, precisei superar a estranheza dos hábitos e formas de conduta das pessoas da cidade grande. E fazia-se necessário vencer os rigores e as exigências de estudo e aprovação nas disciplinas do curso básico e o próprio sistema de ensino universitário, os quais se colocaram para mim como de proporções maiores que aquelas das relações de vida. Gradualmente, dentro de mim, foi crescendo o entusiasmo pela carreira universitária, o empenho nas atividades acadêmicas e uma constante participação associativa, tudo isso me proporcionou o amadurecimento como pessoa e a formação de uma consciência profissional e política. Os múltiplos desafios com os quais tive que me confrontar geraram em mim profundas transformações: por vezes, tive a sensação de estar vivendo a maior das minhas aventuras, qual seja a descoberta do mundo e o significado da enfermagem. E, é claro, jamais poderia então imaginar a possibilidade de um dia estar vivendo este momento de emoções e expectativas, ao assumir o cargo de Diretora da Escola onde me formei.

Não obstante, com minha mãe, de saudosa memória, já aprendera que é pelo trabalho que o indivíduo se torna pessoa, com sua dignidade e direitos inalienáveis, e que é pela força do trabalho que se pode ganhar o reconhecimento de seus pares. Além disso, inúmeras foram as professoras de enfermagem, nos cursos de graduação e pós-graduação, que contribuíram escrevendo muitas linhas nas páginas da minha história, reforçando em mim aquela visão de mundo. Vale registrar minha gratidão e respeito a essas mulheres e a todas as outras que, com seu trabalho cotidiano, no decorrer do tempo, contribuíram e vêm contribuindo decisivamente para o desenvolvimento da enfermagem como profissão e para o avanço da EEAN como instituição, motivo pelo qual manifesto a minha cresça no poder feminino. Após certa hesitação, rendi-me em não nomeá-las, pois ao levar em consideração as possibilidades e os limites da mente humana, eu poderia omitir nomes e assim cometer injustiças.

Desde o término da minha graduação, em 1985, até os dias de hoje, venho investindo continuadamente na minha educação profissional, por considerar que o desenvolvimento humano é um caminhar sem fim.

Acredito, do mesmo modo que Paulo Freire e Antônio Gramsci, reformadores sociais de esquerda, nos campos da educação e saúde, que cabe aos homens (e às mulheres) escrever sua própria história, pela transformação da realidade concreta, mediante uma práxis autêntica e liberadora, que consiste afinal na busca perante da felicidade, reconhecida como característica do ser humano e como direito fundamental do cidadão.

No caso específico da Escola de Enfermagem Anna Nery, cuja trajetória de existência é o próprio modelo de construção de sua história. Em sendo uma instituição que cresce em ritmo exponencial, a cada nova década novas conquistas se somam o seu extenso currículo de glórias e realizações.

Desta casa saem enfermeiras, especialistas, mestres e doutores que estão no fronte da administração acadêmica, dos serviços, na prestação da assistência e no cuidado às pessoas sadias e doentes. Aqui foi o berço da Associação Brasileira de Enfermagem, a nossa ABEn. Foi criado o primeiro curso de pós-graduação em enfermagem do país, em 1972 - o curso de mestrado em enfermagem. Como todos podem perceber, através das idéias, fatos e acontecimentos, a história de realizações dessa instituição a torna modelar para os seus alunos e alunas e está entrelaçada com a própria história dos avanços da enfermagem brasileira.

Cabe reafirmar que todas as conquistas são resultantes da força do homem e de suas idéias. No caso particular da Escola de Enfermagem Anna Nery, por mulheres suas idéias e suas práticas subsidiadas na força do trabalho, no desejo de vencer e por não terem medo dos desafios com os quais tiveram e têm de enfrentar. Certamente que os desafios foram e continuarão sendo inúmeros, mas cada um deles tem servido apenas para dar mais motivação para a luta, e o resultado vem sendo expresso em profundas transformações.

E assim, as mulheres que têm preparado essa caminhada sem fim a fizeram com tanto brilho que ofuscou a dor das horas tristes, luz que iluminou a negritude do dissabor que porventura viveram e deram um colorido tão vibrante manifesto nas comemorações de nossas vitórias, como os 25 anos de curso de mestrado, os 60 anos de vida universitária, os 75 anos de vida acadêmica de enfermagem, os 10 anos do curso de doutorado... e por aí vai. Aí reside a razão do meu orgulho. Nós não temos medo de sermos felizes porque lutamos cotidianamente buscando essa almejada felicidade.

Mas também acredito na necessidade da convivência de uma pluralidade de posições e perspectivas, mormente em uma universidade, e, mais ainda, penso que do debate franco, da diversidade e divergência de opiniões é que podem surgir as alternativas de solução para as crises a serem enfrentadas. Penso que a pessoa que dirige uma instituição tem o dever de comportar-se como sua lídima representante, ou seja, personificar os anseios e designios de seu corpo social, viabilizando projetos e programas acadêmicos, concretizamos idéias, apoiando esforços e animando os espíritos.

Compreendo que o gerenciamento acadêmico e administrativo da EEAN nos próximos quatro anos, no contexto da Universidade e nos cenários que se desenham para a nossa sociedade, exigirá um exercício permanente de virtudes como paciência, determinação e dinamismo e porque não a arte de sorrir diante de tantas adversidades. Neste sentido, é grande a nossa responsabilidade não só em garantir a manutenção das posições até aqui conquistadas, no âmbito interno da escola, da nossa universidade e no panorama da enfermagem brasileira e continental, mas também fazer face aos desafios que já se anunciam, antes mesmo do tão (des)-temido e esperado terceiro milênio com suas dimensões planetárias. Pensando em nossa microproblemática, temos à nossa frente o desafio da sustentação orçamentária da escola, sua maior abertura ao intercâmbio acadêmico internacional, a realização de atividades de promoção institucional - como as comemorações científicas já mencionadas - bem como a ampliação das instalações físicas da escola, agora possibilitadas pela posse do terreno vizinho (antiga dependência da Maternidade Thompson Motta), o que permitirá a expansão de suas atividades, mormente as relacionadas à pesquisa, como elemento estratégico de articulação entre a graduação e a pós-graduação e até mesmo a extensão.

E por aí que vejo o papel histórico fundamental da gestão que ora se inicia, qual seja, o de continuar alimentando a dinâmica da vida acadêmica da Escola, adentrando o terceiro milênio. Sinto-me encorajada a enfrentar estas tarefas urgentes pela experiência já adquirida como vice-diretora desta Escola nos quatro anos anteriores, junto com a Prof. Maria Cecília Cordeiro Pedro, e, neste ensejo, quero agradecer a minha estimada colega todo o apoio que dela recebi, e ainda agradecer pelo respeito ao próprio esforço de atuação.

E ainda, sinto-me mais motivada pelas demonstrações de compromisso, amor e dedicação à instituição que os membros do corpo social dessa casa têm dado, a despeito das adversidades e forças antagônicas. Espero que possamos entrar no século 21 cada vez mais fortalecidos pela solidariedade e em sintonia com as mudanças que ocorrerão em escala planetária, sem perder de vista, contudo, a consciência crítica do momento histórico em que vivemos. Para tanto, precisamos estar animados pelos mais elevados propósitos e engajados na luta pela preservação do nome da Escola de Enfermagem Anna Nery e em memória de todas as pessoas que fizeram dela o que ela é hoje. Esta é mais nobre conclamação que confiante lhes faço neste momento, em benefício dos mais altos interesses da instituição.

Para finalizar, quero agradecer a todos pela paciência em nos ouvir, nessa tarde de Rio 40 graus, e espero, em janeiro de 2001, que uma solenidade como esta, esteja acontecendo no auditório nobre, bem aqui ao lado, na ex-Maternidade Thompson Motta.

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