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CAPES

Volume 8, Número 1, Jan/Abr - 2004

ANNAES DE ENFERMAGEM

 

Resumo da Historia da Cruz Internacional Vermelha

 

 

Bertha L. Pullen

Diretora da Escola de Enfermeiras Anna Nery

 

 

Não se pode negar que a guerra na maioria das vezes, deixa uma impressão indelevel na historia da enfermagem. A guerra da Crimea, por exemplo, foi o berço da enfermagem moderna. Foi o entusiasmo patriotico nacional de Florence Nightingale, seu trabalho com o exercito inglez, que conseguiram a fundação da Escola de Enfermagem que lhe traz o nome.

Se, de um lado, a enfermagem moderna deve sua origem a uma guerra, a Cruz Vermelha e suas multiplas atividades nasceram, tambem, do espetaculo sangrento da batalha.

O fundador da instituição que traz hoje o nome de Cruz Vermelha, foi um cidadão suisso Jean Henri Dunant (1828-1910). Encontrando-Solferino ao Norte da Italia em 24 de Junho de 1859, dia em que os Italianos e Francezes unidos venciam os austriacos, embora fosse ele apenas um turista, sentiu-se muito impressionado com o espetaculo que presenciara. Sendo pessôa de qualidades de espirito, bondoso e caritativo, sentiu-se impelido a auxiliar os feridos de ambos os exercitos. De seus sofrimentos ele fez uma exposição em seu livro: "Un souvenir de Solferino".

Até então, o serviço dos medicos nos exercitos era totalmente inadequado, e os cuidados, que os feridos recebiam, eram prestados por pessôas leigas, principalmente senhoras, chamadas no momento, pelo Snr. Dunant. Seu livro publicado em 1862 impressionou o mundo inteiro. Munido de planos para prevenir a repetição de tais tragedias, o Snr. Dunant viajou de país em país, explicando seu plano aos varios governos (anos depois, ele recebeu os aplausos universais) . Em Berlim, ele se apresentou no recinto da Conferencia Internacional de Estatistica, em Setembro de 1863, onde seu plano foi recebido com o maximo agrado. Seu manifesto levava o beneplacido da Sociedade de Utilidades Publicas de Genebra, de que era membro Gustave Moynier, Presidente de uma das suas comissões especiais, e que convidou varios governos para mandar representantes a uma Conferencia Internacional, que teria lugar em Genebra, em Outubro de 1863. Aberta a sessão dessa Conferencia, pelo General Dufour, Comandante em chefe do Exercito Suisso, estavam presentes delegados de 14 países, e mais um representante do ramo alemão da Ordem de S. João de Jerusalem, e pessôas extranhas que, simpatisando com a idéa, vinham de iniciativa propria da Italia e da Russia. Outros paises, como Portugal e Belgica, não mandaram representantes, mas manifestaram seu interesse de acôrdo com a idéa. Pessôas influentes de varios paises. incluindo Florence Nightingale, testemunharam sua aprovação a essa iniciativa. Na conferencia da Cruz Vermelha, realizada em Londres, em 1907, Florence Nightingale foi aclamada como sendo a inspiração do movimento.

Os Estados Unidos da America foram convidados para se interessar pelo movimento, mas estavam tão ocupados, na ocasião, com uma guerra civil, que não responderam ao convite.

As conclusões da Conferencia foram transformadas em resoluções.

Como esta conferencia de 1863, não foi convocada em carater oficial e sendo indispensavel a participação do Governo, foi convocada uma outra conferencia diplomatica em Genebra, em Agosto de 1863, na qual os trabalhos da afamada conferencia anterior receberam a assinatura dos plenipotenciarios de doze potencias: Baden, Belgica, Dinamarca Holanda, Italia, Portugal, Prussia, Saxonia Hespanha, Suissa e o Condado de Wurtenberg, na Alemanha. O emblema distintivo para o corpo medico etc, era uma Cruz Vermelha colocada em campo branco, com as cores da bandeira suissa no reverso Assim, a inspiração de um homem tornava-se realidade em um tratado geral entre 12 potencias.

Os principios fundamentais formulados na primeira conferencia de 1863 para o controle da Cruz Vermelha, nunca foram modificados, em principio. Considerando que eles formaram a base de todas as organisações da Cruz Vermelha, incluindo enfermagem, devem ser citados aqui:

I. A organisação em tempo de paz de sociedades nacionais de assistencia, com a sanção do Governo, afim de assegurar a aceitabilidade de seus serviços em tempo de guerra, os pormenores para dirigir cada uma das sociedades seriam entregues a cada país para determinação;

II. A situação dessas sociedades, na eventualidade de guerras será inteiramente subordinada á disciplina militar; desde que o Snr. Dunant era de opinião que qualquer serviço medico militar não pode sêr adequado em tempo de guerra, sem a assistencia de voluntarios;

III. Que a organisação deveria manter neutralidade universal, e seria respeitada universalmente como um corpo neutro, com emblema distintivo paia todo o pessoal hospitalar etc.

IV. Dando permissão ás necessidades de paises neutros para dar assistencia a paizes beligerantes;

V. Promover reuniões ordinarias por sociedades nacionais, em tempos normais;

VI. Reunião das diversas sociedades por meio de um orgão central, que seria denominado Conselho Internacional, com Séde em Genebra, sob a presidencia de Gustave Moynier de 1863 a 1910.

Cabia a essa comissão organizar Conferencias Internacionais da Cruz Vermelha, anuais, nas quais as Sociedades Nacionais e Internacionais e tambem os Governos signatarios ao Congresso de Genebra em 1863, 1906 e 1929 deveriam sempre se fazer representar.

A organisação de sociedades nacionais progrediu rapidamente. A primeira foi a de Wurtenburg em 1863. Em fins de 1864 dez sociedades haviam sido organisadas e mais 3 em 1865. Em 1925 existiam 52 sociedades nacionais. A primeira sociedade nacional que perdura até hoje, empregou o nome de Cruz Vermelha, foi a Holandeza, e foi estabelecida em 1867. Estas sociedades eram destinadas a ter uma grande influencia sobre a enfermagem. Uma vez que se revelou a necessidade de preparação de homens e mulheres para o mister, a idea foi adotada e posta em execução por toda a parte. Com o aparecimento da Cruz Vermelha, um novo motivo foi encontrado para o interesse da mulher em enfermagem, e este foi o patriotismo. O que as ordens religiosas faziam por amôr de Deus e os pobres e ignorantes faziam como meio de subsistencia miseravel, a enfermeira da Cruz Vermelha fazia por sentimento de patriotismo e humanidade.

No congresso de 1869 foi adotada uma resolução; qual deveria sêr o preparo exigido de uma enfermeira da Cruz Vermelha? Essa exigencia só poderia sêr satisfeita, si as candidatas fossem obrigadas a prestar exames, ter experiencia em enfermagem e pratica-la com os doentes.

A instrução atualmente oferecida ás enfermeiras da Cruz Vermelha nos diversos paises, não tem um padrão uniforme para cada lugar Em alguns paises, as profissionais recebem alguma instrução muito elementar, enquanto noutros, a instrução é bôa e tem trazido excelentes resultados.

Na Suecia e Hungria foi estabelecido um curso de 6 mêses e, nesse ultimo país, foi tambem estabelecido um curso de 2 anos para chefes da Cruz Vermelha, com a garantia de aposentadorias. Os hospitais militares de Russia foram postos á disposição da Cruz Vermelha, tendo sido organisado, dentro deles, um curso de enfermagem de 3 anos. Nas proximidades de 1897, quatro destes hospitais já haviam diplomado 2812 enfermeiras. De 1914 a 1918 a Cruz Vermelha teve 64 hospitais e 18.000 enfermeiras. Na Alemanha, a superioridade no peparo das enfermeiras já foi reconhecida, tornando-se responsavel pela sua organisação, a casa matriz em Karlsrhue, Baden em 1860; A França organizou a primeira escola em ambulatorios em 1899. Na França ha tres sociedades que trabalham em conjunto, para formar a Cruz Vermelha, a "Societé de Secours aux Blessés Militaires" inaugurada em 1863 a "Association de Dames Françaises" inaugurada em 1879 e a "Union des Femmes de France" inaugurada em 1881.

Nos Estados Unidos, a Cruz Vermelha foi inaugurada por Clara Barton. O Governo dos Estados Unidos não retificou o tratado de Genebra até 1882. E quando a guerra mundial arrebentou em 1914, não houve país beligerante que não tivesse sua organisação da Cruz Vermelha. Mas antes dessa guerra a Cruz Vermelha era uma organização feita, principalmente, para servir em emergencia, como: incendios, terremotos, inundações, flagelos, etc. Da guerra surgiu a idéa de estender seus trabalhos em tempo de paz, em beneficio da higiene e saúde publica.

Resoluções do Congresso de 1919 em Cannes, França

1. Que o bureau de saúde organizasse, analizasse. publicasse e distribuisse informações concernentes a enfermagem, sobre o trabalho de senhoras em saúde publica e fizesse uma relação sobre assuntos de tuberculose, puericultura, profilaxia de olhos, enfermagem pre-natal e serviço social, etc.

2. Que a publicidade se desenvolvesse o mais possível, nos paises onde não houvesse corpo de enfermeiras, especialmente preparado para cuidar dos enfermos e para o serviço de saúde publica, afim de incentivar o desenvolvimento de Escolas de Enfermeiras.

3. Que se procurasse pessôas com qualidades superiores para instrução de enfermagem hospitalar e saúde publica, e que essas pessôas fossem especialmente preparadas-afim de que pudessem voltar a seus paises, bem instruidos, para iniciar e dirigir escolas de enfermeiras com eficiencia.

4. Que um sistema de bolsas de viagem fosse estabelecido, afim de que, as enfermeiras diplomadas pudessem receber educação complementar, na profissão de enfermagem, como instrutoras ou enfermeiras de saúde publica.

5 Que informações concernentes á importancia da enfermeira de saúde publica e a falta de facilidade para preparação fosse dissipada; que as escolas fossem informadas, afim de que pudessem adotar seus programas para enfrentar essas necessidades; e que escolas especialisadas fossem organisadas, afim de que senhoras pudessem se especializar nestes ramos da profissão.

O resultado desta conferencia foi a organização da Liga das Sociedades da Cruz Vermelha, no dia 5 de Maio de 1919, sendo a sede em Paris, á Avenue Velasquez. 2 - 8e, e que teve 58 sociedades nacionais associadas. O trabalho principal dessa organização foi estimular a fundação de escolas de enfermeiras, em paises onde não existiam, de modo a desenvolver o preparo de enfermeiras de saúde publica, por meio de bolsas de estudos, e promover os melhoramentos das Escolas da Cruz Vermelha, até tomar o padrão de preparo, o mais alto possivel .

A decima e decima terceira conferencias tiveram lugar em 1921 e 1928, salientando-se nelas, de um modo especial, a enfase na educação da enfermeira e sua necessidade de boa preparação teorica e pratica. Um ponto que foi especialmente assinalado na 14.ª conferencia e foi aprovado pela mesma sob forma de rosoluçâo, foi o seguinte:

1. que as sociedades de Cruz Vermelha Nacional deveriam estudar o relatorio apresentado nela Comissão de Educação do Conselho Internacional de Enfermagem, e adotar os principios, como guias basicos de educação.

2. Que o titulo de enfermeiras diplomada (infirmiére diplômée) fosse reservado ás que tivessem feito o curso em uma escola de enfermeiras, e que tivessem um curso completo em teoria e tempo suficiente de pratica em todos os ramos da profissão e onde, si possível, e curso tiver a duração de 3 anos.

3. Que as sociedades da Cruz Vermelha, que matriculassem enfermeiras educadas em outras escolas, que não fossem as suas, deveriam exigir, que as candidatas possuissem no minimo, educação equivalente a das enfermeiras das Escolas da Cruz Vermelha.

4. Que a sociedade nacional deveria confiar sua divisão de enfermagem, trabalhando sob a direção de uma comissão central:

1. a matricula das enfermeiras já com diploma registrado;

2. a matricula das auxiliares voluntarias e providenciar sobre a sua instrução.

5. Que as sociedades nacionais redobrassem os esforços pela educação de um numero suficiente de enfermeiras, com registro de diploma, e com um curso compreensivo de especialização em enfermagem de Saúde Publica.

6. Que o emprego de auxiliares em enfermagem de saúde publica que tivessem recebido um curso elementar, fosse apenas permitido quando imprescindivel, mas, sómente, a titulo provisorio, e por um período de tempo muito limitado .

7. Na presente data, a Cruz Vermelha está prestando serviços muitos valiosos na educação de enfermeiras na França, Italia, Japão. Alemanha, Bulgaria e Sião. Tambem tem uma parte importante nas atividades de higiene e saúde publica no Canadá Checo-Slovaquía-Finlandia e Estados Unidos, onde coopera bem, com as associações nacionais de enfermagem. E' bastante dizer que a idéa original da Cruz Vermelha, como agencia para funcionar em tempo de guerra, se tem desenvolvido, para incluir alivio ao sofrimento, sob todos os aspectos, em tempos de paz ou de guerra.

 

ENFERMAGEM MILITAR E NAVAL

Em todos os paises, onde existe a organização da Cruz Vermelha, ha em tempo de guerra, alguma conexão entre essa organisação e o serviço de enfermagem militar (si existe), porém, as regras que o governam, são diferentes em cada país. Por exemplo: na Inglaterra, a Cruz Vermelha não matricula enfermeiras diplomadas, como se faz em alguns paises, mas, a Sociedade da Cruz Vermelha Britanica, como a maioria das Sociedades Nacionais oferece os prestimos de seus membros, em tempo de guerra. Realmente, a maioria dos paises, assim se pode dizer, se não tem enfer meiras empregadas militares, mas, sómente, enfermeiras empregadas em hospitais militares; as condições do emprego destas enfermeiras, durante o tempo de paz, é muito diferente .

Primeiramente, todas as enfermeiras empregadas poderiam vir das Escolas da Cruz Vermelha, corno se faz na Bulgaria e Suecia.

Em segundo lugar, a Cruz Vermelha pode responsabilizar-se pela enfermagem dos hospitais militares, por enfermeiras diplomadas e voluntarias. Seria então um caso semelhante ao da Polonia, com sua nova Escola de Enfermeiras da Cruz Vermelha, e identico aos hospitais militares da França.

Terceiro: A enfermagem nos hospitais podia estar, diretamente, sob o controle do Governo e, inteiramente, independente da Cruz Vermelha, embora seus elementos sejam compostos de enfermeiras da Cruz Vermelha. Por exemplo, na França, em 1928, os hospitais militares empregaram 400 enfermeiras diplomadas das diversas Escolas de Enfermeiras e 34 enfermeiras da Cruz Vermelha, todas escolhidas por concurso; no Japão, as diplomadas da Cruz Vermelha têm preferencia. Afim de que as enfermeiras pudessem adherir aos principios de humanidade, manter diciplina em tempo de guerra, ser bem preparadas em seus deveres, o Hospital Central da Cruz Vermelha de Tokio, estabeleceu sua escola de enfermeiras, e, desde então, foram fundados 25 hospitais da Cruz Vermelha, localisados em diversos pontos, para o mesmo fim. Nestas escolas, são admitidas, anualmente, cerca de 1.300 alunas preliminares, para uma instrução de 3 anos, com todas as despesas pagas. As diplomadas, dessa organisação, são matriculadas nas Sociedades da Cruz Vermelha. As melhores candidatas são escolhidas para Chefes, e dado um curso de aperfeiçoamento de um ano, no Hospital Central da Cruz Vermelha.

Na Noruega, as moças da Cruz Vermelha e a Associação de Saúde Publica fornecem as enfermeiras para o serviço militar. Na Alemanha, 10% das enfermeiras militares vém da Cruz Vermelha; na Grecia e Hungria, os hospitais não empregam enfermeiras diplomadas ou qualquer pessôa da Cruz Vermelha; na Hespanha, em 1928. as irmãs de caridade e enfermeiras diplomadas faziam o serviço militar. Em Sião, o serviço se faz por enfermeiras que têm serviço militar, e alguma educação medica, mas, em tempo de guerra, as enfermeiras da Escola da Cruz Vermelha em Bankok assistem; na Suissa, ha a mesma combinação.

Quatorze países, Belgica, Gran-Bretanha, Africa do Sul, Nova Zelandia e os Estados Unidos empregam, as enfermeiras da Cruz Vermelha nos Hospitais Militares, porém, em periodo de guerra. Essas enfermeiras têm diplomas registrados e são admitidas ao serviço, mediante exames vestibulares, usam uniformes militares e seus lugares são oficiais como os oficiais do exercito. Mas, a Cruz Vermelha não mantem escolas de enfermeiras nestes paises.

Em geral, os vencimentos das enfermeiras militares são eguais aos das enfermeiras colocadas em hospitais civis, porém, em alguns paises a remuneração é melhor. Nos paises onde as enfermeiras têm o mesmo reconhecimento dos oficiais do exercito, os vencimentos são menores.

O escritorio Central da Cruz Vermelha tem 54.000 enfermeiras diplomadas registradas, matriculadas para serviço em épocas de calamidades etc. Além disto, tem um serviço cie saúde publica enorme, que funciona em tempo de paz.

No 13º Congresso Internacional cia Cruz Vermelha, realisado em Outubro de 1928, os seguintes estatutos foram adotados:

Artigo I: A Cruz Vermelha Internacional será composta das sociedades nacionais, da comissão internacional da Cruz Vermelha e da Liga das Sociedades da Cruz Vermelha. O corpo deliberativo mais alto da Cruz Vermelha Internacional será a Conferencia Internacional. A Conferencia Internacional será composta dos delegados das Sociedades Nacionais, dos delegados dos poderes signatarios da primeira conferencia de Genebra, das delegadas daí comissões da Cruz Vermelha Internacional e da Liga das Sociedades da Cruz Vermelha.

Artigo II: A conferencia tem poder de fazer deliberações, embora não modificando os estatutos da comissão da Cruz Vermelha Internacional, ou da Liga das Sociedades da Cruz Vermelha.

Artigo III: A conferencia se reunirá de 4 em 4 anos, ou de 2 em 2 anos, quando as circunstancias assim o exigirem.

Artigo IV: Conferencia especial ou regional só pode tratar de questões especiais ou regionais e não pode fazer allusão, como foi dito, anteriormente, a assuntos decididos pela conferencia internacional.

Art. VIII. A Comissão Internacional da Cruz Vermelha continua a sêr uma organização independente, com estatutos proprios e recrutada dentro de cidadãos suissos. Essa organização continua a sêr a base dos principios da Cruz Vermelha, e a levantar suas atividades humanitarias, de acôrdo com os costumes internacionais, com todas as suas funções e os mandatos que lhe são ou venham a sêr conferidos, pela Conferencia Internacional.

A organização continua a sêr um intermediario neutro, especialmente, em tempo de guerra mundial, civil ou calamidades internacionais. Em tempo de paz, continua seu esforço para socorro á miseria, considerando como resultante após a guerra. Continua responsavel pelo pessoal e material para socorros de urgencia, que são sempre providenciais em épocas de guerra, em colaboração com as sociedades nacionais e os poderes signatarios do Congresso de Genebra.

Qualquer queixa ou reclamação com referencia á violação de costumes internacionais, especialmente questões que devem sêr estudadas por uma organização neutra, continua a estar incluida nos direitos exclusivos da Comissão Internacional da Cruz Vermelha.

Art. IX A liga das Sociedades da Cruz Vermelha é uma associação composta de Sociedades Nacionais Unidas, com o fim de cooperação em tempo de paz. em assistencia mutua e com atividades comuns a todos, como está definido em seus artigos, em vigor na data da adoção destes estatutos presentes.

Art. X A Comissão Internacional da Cruz Vermelha e a Liga das Sociedades da Cruz Vermelha colaboram, em questões que atingem as atividades de ambas as sociedades e, especialmente, em seus esforços de socorro ás calamidades eventuais, nacionais ou internacionais.

Reconhecendo que o papel da enfermeira tem aumentado em importancia, em épocas de guerra ou de paz, a Cruz Vermelha Internacional recomenda ás sociedades nacionais:

1. Constituir em seus paises respectivos divisões para enfermagem dirigidas por enfermeiras qualificadas, que colaborem na organização de todos os assuntos concernentes á enfermagem, em conjunto com uma comissão consultiva competente.

2. Dedicar mais atenção ao recrutamento e preparo das enfermeiras da Cruz Vermelha de ambas as classes profissionais ou voluntarias, e para este fim, colaborar com as associações profissionais de enfermeiras.

3. Estimular, em paises, onde a necessidade fôr urgente, a creação de Escolas de Enfermeiras de Cruz Vermelha, mantendo um padrão alto de etica profissional, e proporcionar uma preparação profissional superior e valiosa, composta de teoria e pratica adequada.

4. Estabelecer para as enfermeiras diplomadas da Cruz Vermelha, categorias de acordo com o preparo recebido, seja profissional ou assistente voluntaria.

5. Autorisar a Divisão de Enfermagem da Liga e sua comissão consultiva a estudar, em colaboração com a Comissão Internacional da Cruz Vermelha, o melhor metodo de matricula e recrutamento de enfermeiros, e a educação dos voluntarios; e insistir junto ás sociedades da Cruz Vermelha, sobre a necessidade de registrar os nomes de todas as enfermeiras e assistentes voluntarias proveitosas, em caso de guerra e calamidades nacionais.

6. Estimular onde houver evidencia de necessidade, o estabelecimento de cursos de especialização em administração de Escolas de Enfermagem e Hospitais, em pedagogia em relação de enfermagem e Enfermagem de Saúde Publica.

7. Estimular o desenvolvimento de serviços de enfermagem de saúde publica, de acordo com o programa da Cruz Vedmelha, em tempo de paz, a saber:

a) difusão de informações:

b) prevenção de doenças sociais;

c) bem estar de todas as classes sociais.

8. Estimular a instrução popular sobre higiene e saúde, aulas de socorros de urgencia, prevenção do doenças contagiosas, higiene infantil, etc, a população rural e urbana, por meio de enfermeiras profissionais bem preparadas.

9. Estudar, em colaboração com as Associações Nacionais de Enfermagem, meios para melhoramento das horas e condições de trabalho, vencimentos, padrão de vida, férias, colonias de férias e pessôas idosas, segure social para as enfermeiras.

10. Insistencia junto aos governos, para medidas energicas de controle da Enfermagem, em todos os paises onde ainda não existam.

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